domingo, agosto 19, 2007

SOZINHA

Chega. Abre essa janela. Troca essa música depressiva. Larga esses livros na mesinha. Sai daí de dentro e vem ao mundo dourar a pele. Ranger os dentes. Sentir a raiva e a incompreensão que te impulsionam. Larga a mão do marasmo e se joga de cabeça, como sempre. Abra os pontos mal costurados que ele deixou. Deixe tudo doer até que não haja mais lágrimas nem dor e nem nada. Só um vazio enorme. Ouça os seus gritos internos. Encha o quarto de samba-canção, com o ritmo enganando as palavras, o sangue preso nas beiradas do ritmo gostoso e leve. Melhor do que essa dobradinha melodia&letra tristes. Para de se encolher nos cantos esperando o que te salva. Quando nada salva o segredo é se bastar. Pule num pé só no equilíbrio daquelas sarjetas que você adorava e hoje pega a preguiça como desculpa para não comprar ilusão. Você cansou da ilusão, mas é só isso que tem para hoje. E se é no samba que você sente prazer. Se arranca daí de dentro e vai ali bater na caixinha enquanto cartola faz o seu jogo de poesia. Deixe de cavar abismos com os pés. Seque suas cicatrizes.
E se você não fizer nada disso. Sinto muito. Eu vou, sem você.