que odeio em você
Odeio o dia todo correndo ao lado das obrigações. O jeito que eu controlo o descontrole. A forma sempre simples que você desenrola a vida entre seus dedos. O jeito que você não se importa, ou que fala sério por horas, e quando me vê sorri dissolvendo toda raiva que seria bom sentir. As nossas frases se encontrando e você reclamando que eu escrevo demais. Odeio.
Odeio o simples fato de tudo ser extremamente complexo na minha cabeça e parecer, de longe, simples. Como você me pergunta dos outros, e eu falo, falo porque tudo isso preenche tanta coisa que é melhor falar para eles não ocuparem espaços demais. Odeio o jeito que corro em círculos e não chego em lugar nenhum. Receios temperados com anseios. Odeio.
Odeio o meu mau humor matinal dissolvido em uma letra de música por uma lembrança que nem existe. O jeito que isso não existe. O jeito que tudo isso é só isso e nada. E nada, nada, nada. Odeio os meus finais de semana em paz acabando. Odeio o fim dos meus finais de semana de compreensão e café quente. Odeio.
Odeio quando você ignora, me ignora, se ignora. Odeio ver você parado, sem fazer nada, com toda a sua força acumulada. Odeio ver você andando quando queria parar. Odeio quando você não se respeita. Odeio quando o mundo te faz mal, quando chove ou faz calor demais. Odeio os outros sem jeito perto do seu jeito. Queria te defender e eu odeio saber que não seria capaz. Nunca achei que viver com cautela ou não se molhar, passar calor ou chorar fosse salvar alguém. Queria fazer você viver. Correr na chuva, se esconder do sol debaixo de uma árvore e chorar de felicidade por uma cena simples desenhada debaixo dos seus olhos. Odeio minha vontade de correr a cada vez que algo sensacional acontece ou que consigo uma coisa que queria muito. Odeio.
Odeio a razão, a emoção, os fatos, os atos, os momentos e o passado. Odeio tanta coisa e ainda mais o fato de nada odiar, nada...