terça-feira, maio 20, 2008

Versions of violence

O meu garoto já não é o mesmo. O meu garoto já não é garoto. O meu garoto já não é meu. Me diz, conta quem fez isso com você. Fui eu? Algo que eu disse? Alguma coisa que eu fiz? Quem mexeu e mudou seu mundo?

Já não reconheço o meu garoto. Foram os problemas? Aqueles muitos e enormes que um dia eu te ajudei? O meu garoto bebe em qualquer lugar enquanto seu mundo desmorona. Já não é meu, já não é o mesmo.

Você me deixou quando falei tantas coisas. Te fiz acreditar no melhor, te fiz me deixar, talvez esperasse você não me entender, talvez fosse melhor você não ter entendido e ter ficado traindo minhas vontades de fuga. Me traí em palavras quando os sentimentos transbordavam em dúvidas. Me deixou sem você e por uns dias fiquei sem mim. Uma versão violenta de um final sem fim.

No escuro penso em tantas coisas. Sem respostas preciso das suas palavras. Os seus motivos compreensíveis e inacreditáveis se vindos de você.

Pensa em tudo que você já aguentou e não torna tudo mais insuportável. Tira a máscara do descaso, ela não combina com você. Volta andando com passos calmos e a cabeça voando. Me devolve tua insônia em palavras, tantas palavras, conversas, cumplicidade. Se livra do peso, se salva em mim. Me salva desse novo você.

Estou assustada com seus olhos com essa luz. Essa claridade não vale a pena. Sem se importar com os outros não é você. Olha mais uma vez o caos. Aceita os problemas. Cuida de quem precisa de você. Cuida das minhas lembranças.

Volta, ainda, mais uma vez. Larga toda essa violência gratuita. Não me pergunta se não vejo seus motivos. Não acha que não vi, várias vezes, tudo isso. Não pergunta como eu reagiria. Não sei. Nada disso sei. Mas você sempre soube, meu garoto, volta a ser garoto. A olhar a vida com esperança. Mostra a dança dos seus dedos habilidosos sobre problemas demais. Me deixa longe de entorpecentes inofensivos, volta para as minhas lembranças, me deixa voltar para sua vida.

Meu garoto já não é mais meu, nem o mesmo. Meu garoto está interpretando um papel ruim e eu não quero ficar nessa platéia. Meu garoto, você ainda é o mesmo e meu, pelo instante, agora.




ps: título, música do cd novo da Alanis, que depois da décima segunda vez deixa de parecer Evanescence. Várias coisas são óbvias se Alanis visita esse blog, uma delas: saudades da sis.