Sem avisos...
Sentou na grama verde, ainda molhada das gotas da noite anterior, olhou a sua frente o sol que nascia. E interrogou em pensamentos as dúvidas da noite passada, na mente um oceano de palavras, e só um beijo seria capaz de quebrar aquele silêncio, o medo, a incerteza, só os olhos piscando em nervoso, as mãos encontradas, os corpos tão próximos que o ar respirado era o mesmo. Narizes brincando como no seu primeiro e inocente beijo. Ela sentia falta dos beijos inocentes, das mãos calmas, dos olhares cúmplices. Achou, até aquelas conversas, que nunca mais encontraria ninguém com quem pudesse ser simples. Simplicidade. O que é simplicidade agora, enquanto está sentada passando os dedos sobre o cachorro que brinca com a ponta deles? O que é simplicidade se não as possibilidades que ela criou e os dias que foi, ela sempre foi. Até que parou e esperou.
Ficaria ali pela eternidade, se os pensamentos não flutuassem sem aviso e pedisse movimento a essa vida de ilusão, deveria procurar por ele e dar a ele certezas. De um dia, uma tarde, uma noite ou mais. Deveria fazer qualquer coisa. Mas quanto vale a ilusão? Por que é tão difícil fazer dela verdade, se tudo é de uma simplicidade absurda...