Estive pensando porque entre nós as palavras saem. Sim, as pessoas conversam, eu conheço e falo com os tipos mais estranhos e diferentes, você sabe que é assim e você conversa como a simpatia, envolto num certo tédio, que nem todos vêem. Mas nós, em comum, temos aquilo que mantemos em caixinhas guardadas dos outros, um ou dois que ouvem sem rodeios a nossa vida, quase sempre por palavras, seja pela distância ou pelo tempo sempre correndo ao nosso lado.
Mantemos os nossos medos e os acontecimentos remotos em caixinhas etiquetadas como acaso. Afinal é do acaso que cada dia se faz. Guardo uma com o a etiqueta 'ilusão', guardo tanto que, às vezes, sem querer esqueço a ilusão e me pego vendo como a vida levou a sério aquele papo todo de indiferença.
Tem uma outra com o presente e no presente resolvi não me importar e ser imparcial, conseguir na vida aquele desafio do jornalismo, tenho conseguido, é verdade, falo com a precisão dos seus sorrisos e esqueço os outros lados, quando conversei com eles pareciam egoístas demais, não acho que tentar resolver os problemas pro outro seja bom, é preciso deixar a liberdade sorrir e olhando dentro dos olhos dela é hora de decidir.
O futuro me pegou pelo braço, a caixa se abriu e me fez no meu jogo uma peça no tabuleiro, a confusão respirou nos meus dias e eu resolvi só não ligar, meu inferno astral durou dois meses, os dois meses mais infernais de dezenove anos de vida. Onde tudo resolvia só acontecer. Vida própria demais, e ela, a sis, me falando, "não se preocupa, olha o passado, a sua vida se encaixa sozinha" e eu pensando que o sozinho jamais chegariam. E agora é a vez da caixa do futuro me mostrar que eu posso sorrir, mesmo que as brigas continuem cada vez mais frequentes e eles sejam incapazes de tomar uma decisão que causaria a dor única e fim. Mostrar que eu posso chorar, quietinha quando tudo cair e nas minhas lágrimas limpo o passado. Que eu posso correr quando tiver vontade ou ficar parada. Que eu posso desistir ou esperar, olhei, e na caixa ao lado tá escrito: "resultado das escolhas".
Condenada se for ou ficar. Pelo "e se" regado em fraqueza ou pelo "tempo desperdiçado", embora você não deixe o tempo ser desperdiçado preenchendo eles de silêncio e companhia. Escondo o que tento provar. E eu então mudarei, outra vez ainda, porque coragem é tudo.
Já estive perdida, egoísta acreditei em todos os significados dos sonhos ruins; acreditei que nessa vida como em campo minado mais cedo ou mais tarde, explodiria.
Sem notar frases se completam e tudo, sempre, hoje, vem das nossas conversas, dos livros que lemos, sonhos que tivemos, palavras que falamos, vida que compartilhamos escondidos dentro das caixas. Falamos, mesmo que não sejamos os mais apropriados a ouvir, ouvimos mesmo que não sejamos o mais apropriados a falar. Vivemos e... do resto, já não sei.
Hated to see you sad when I left
There's just no good in that but the good part was
That I came at all cuz I don't venture out
Into the lives of the new
I want you to come along for the ride
How long will you stay for your whole life
You just know you should
Can you tell me can you tell can you tell
If there is something better
Cuz you know there always is
There always is
Love and communication you were here for me
At this very moment cuz I found you on the phone
You called me
And you were not hunting me
Love and Communication - Cat Power
Os outros corpos
são só corpos
se não são o seu.