DOIS DIAS
Dois dias revirados de acontecimentos importantes e detalhes relevantes. Dois dias que os cariocas estiveram na minha paulicéia desvairada, a menina Mia e o seu irmão companheiro. O encontro no metrô e o abraço de velhas conhecidas, afinal, essas linhas entregam e constroem coisas inexplicáveis. Nas linhas eu coloquei toda minha vida e delas eu tirei coisas. Nelas eu me perdi tantas e inúmeras vezes. Com elas conheci pessoas geniais. Por elas eu deixei ir pessoas. É um samba de letras e no fim, eu nunca vou saber ao certo o que existe.
Ainda penso no que aconteceu. Porque tem coisas que não entendo. Só precisam saber que: eu não planejo quase nada nessa vida, as coisas acontecem, e eu aceito com o sorriso largo e o abraço apertado; não sei do futuro nem do passado. Não existe ninguém enganado por mim, eu vou com um aviso enorme, minha cabeça tem dono e as coisas podem ser, desde que aceitem as condições. Sabem, sempre sabem, porque é impossível esconder os meus pensamentos, depois de algum tempo eles saltam para longe, longe demais para explicar em linhas. Não ache que enganei ou usei ninguém. Não, milhares de vezes não. Mas não adianta explicar para quem não quer ouvir. E lembra aquela vez que eu falei: "respeito o seu temperamento, respeito o seu tempo, te respeito". Respeito e gosto, ponto, um dos meus presentes das letras. E isso é tudo.
Sobre o acaso, deixei a prova maior da existência dele com o meu carinho naquele abraço de despedida no metrô, enquanto tentava conter as lágrimas. Chorei quietinha enquanto as estações iam, de falta, de encontro, chorei porque é bom saber que ainda tem garotas, tão garotas, como a menina tímida do Rio.