quinta-feira, maio 22, 2008

Da série: 'quem escreve o que quer, lê o que não quer'

Entoei um mantra "calma, calma, calma", se controla e não assume o descontrole do mundo. Mas paciência tem limite e o meu acabou de acabar. Na verdade acordei e sai para rua sem ela. Então tudo foi muito emergencial e rápido no dia de hoje, tanto que agora estou aqui, com meu pijama de hello kitty falando que não vou pra funhouse, não vou sair, vou dormir cedo e resolver tudo isso em palavras.

NUNCA tive a menor paciência para picuinha, nem de internet, nem de vida. Muita coisa para fazer, sabe? Ver os meus amigos, estudar, cinco livros esperando para serem lidos, outros dois começados, trabalhar. Mas tem horas que as pessoas resolvem falar demais e pedem para ler nas linhas dos outros o que são incapazes de perceberem sozinhas.

Um monte de merda no ventilador pela infantilidade tremenda de uma pessoa. Sinceramente, idade não é sinônimo de maturidade, continuo bem com meus dezenove anos e só imagino quando estiver com vinte e seis, será que as pessoas regridem e existe a menor possibilidade de perder o senso de ridículo? Porque tem gente que não é nada, nem ninguém, mas se convenceu do contrário por um ou outro rabisco. Sinto muito, não preciso disso, nem de muita coisa que mantém o seu mundo descolorido aceso. Algumas certezas continuam aqui, deve ser por isso que nada do que foi dito me agrediu de maneira nenhuma. Foi só um misto de indignação pelo jeito que você se aproximou daquela outra pessoa de quem você já falou tão mal um dia. Sabe, vocês se dariam bem, mentira, nem com ela seria bom, sabe por que? Porque o monstro que você pintava, e minha certeza nunca deixou acreditar, não existe. Tudo que você via nela, existe aí dentro, com o agravante de nada ser. Sorte, talento, não importa, ela conseguiu coisas que alguns passaram a vida inteira tentando. Coragem, sabe? De largar a mão do drama, de soltar a infância, o colo dos pais, o porto seguro inseguro, e ir para o mundo de verdade. Além de porres com gostos de família, de palavras rasgadas.

Passar a vida sem essência? De que essência falamos? A melhor essência que alguém pode ter se defini em uma palavra: coragem. Verdade, coragem, sinceridade, coragem, vontade de viver, coragem. Não arrasto a vida, porque com leveza ela caminha sozinha, de braços dados com instintos saciados, obrigada. Não me arrependo de uma vírgula, uma palavra, um gesto, não me arrependo das minhas primeiras vezes, nem da última, não me arrependo de nada. Tudo fica escrito em uma página da vida, virei a que escrevi aquela história, fechei histórias esses dias, olhei o medo nos olhos e a vontade em gestos. Queria explicar sem medo, só para calar alguém com um segredo que ele não pudesse ver a cor. É preciso coragem para se livrar de hábitos e outra dose para deixar tudo ter o ritmo da vida, leve, sabe o que é leveza?

Sabe qual deve ser o problema e a sorte? Algumas pessoas passam a vida inteira fazendo dramas a troco de nada. Algumas pessoas tem a sorte de jamais terem entrado em um departamento de oncologia, nem ter visto o jogo mais injusto dos jogos dessa vida. A vida e a morte lado a lado e a cada dia, era mais um dia para comemorar, porque ela ainda estava aqui. Fiquei dois anos esperando ela voltar, abrir a porta com um sorriso e me chamar de "maluca". Hoje só uma pessoa me chama de maluca e não faz idéia do quanto isso significa para mim. As minhas maluquices tem marcas enormes que não abro para ninguém. Drama? Chega, já deu. Pára. Me deixa. Larga o meu nome e essa picuinha ridícula. Procura outra para ser assunto na sua mesa. Me deixa com os livros que eu leio, desde daquela pessoa de quem você teima em falar mal, regada de referências, é verdade, mas me diz o que você procura em linhas? Alimento da alma.

Deixa, me deixa, esquece, me esquece. Porque pra mim já deu. Sem paciência, picuinha de internet deve combinar muito bem com outro departamento, e esse aqui, não existe. Desculpa, brigue sozinha.