No one has won this war this time*
Preferia ser sozinha a aceitar as imperfeições que a irritavam profundamente e nenhuma delas era grande o suficiente para explicar, o respirar, o jeito que mexia no cabelo, os pêlos do braço, o sorriso forçado. Não sabia ao certo um defeito que destruía cada um dos que entrava na sua vida. Na porta da frente estava toda sua angústia, as suas escolhas tinham sido feitas e ela sabia que por aquela não passaria aquele, com os defeitos certos, que faria dela a única mulher do mundo. Não sabia aceitar ser tratada como única, pensava que era falso ou que tudo aquilo não passava de um jogo que ela já havia jogado. Mal sabia, que o jogo terminava e começava a cada respirar, seu, e que era mesmo a única. Só que ele desistiu daquela porta e andou por noites e noites, por todos os bares da cidade, deixando em cada mesa um pedaço do seu abandono e um sorriso que seria dela.
Deixou seus braços em outras cinturas. Seus olhos em outros olhos vazios. Via nada em cada novo olhar, porque tinha sido dela tudo aquilo que pudera um dia existir dentro dele, para alguém, por alguém. Já não existia mais porque ela esperar na porta. Nem descartar os próximos. Não havia razão que explicasse. Mas... Ele voltou.
Diante dela em silêncio, segurou seu rosto, a olhou e esperou qualquer mínimo gesto que esboçasse alguma reação diferente da indiferença.
E o depois...
Nem eles souberam.
Decidiram 'perder as palavras e viver como música'**.
* Cardigans
** Sartre