segunda-feira, junho 11, 2007

BOA NOITE E BOA SORTE


Os meus excessos estão me sufocando. Este excesso de vida e esta mania chata de fazer tudo que eu quero, como eu quero, mesmo que o eu quero seja do outro lado da cidade e dure 10 minutos. Estes excessos estão me comendo as tripas e o coração. Meu cérebro me agride enquanto alguém toca uma música ruim e alta na minha cabeça. Enxaqueca. Puta dor de cabeça do inferno. Me deixa curtir a minha dor de cabeça em paz, eu pedi isso, com estas mesmas palavras. Para única pessoa que entende em todo o universo que eu preciso do meu tempo. A única pessoa que entende. O ruim de ser alguém assim tão foda, é que você espera que o resto do universo também seja, e não é. Você me disse isso. E eu repito em palavras para você e para todo mundo ter inveja da minha soulsista que vai comigo e com meus excessos. Que odiava tudo. Mas estava ali do meu lado. Para depois me explicar os meus sentimentos. Que é os dela e eu nunca tinha conseguido pensar assim. As vezes eu preciso de dois. Ou mais. De novo, o maldito excesso.
Ver alguém lendo dá uma sensação de claustrofobia. É tanto sentimento e uma pessoa ali presa em um papel. Alheia a tudo. Olhando o seu papel e batendo a mão na água que deixou ir. É pouco. Muito pouco. Apenas um papel separando e prendendo o sentimento todo. Sinto vontade de ficar muda quando vejo alguém se debatendo no seu mundinho enquanto destila em voz alta todo seu veneno. Um dia, vou imprimir um texto meu, e pedir para alguém ler para mim em voz alta. Alguém foda. Alguém que não escolhi quem. Quero me prender nesta casinha com espaço definido. Ver qualé. Eu sempre quero saber qualé. E eu vou, um dia.
Bebida. Cigarro. Amores inventados ou não. Desgraças de verdade ou a ficção. Os excessos. Hoje alimentei uma alma faminta contra a minha vontade. Ou ele me alimentou enquanto me sugava os reais. Fui roubada e ele me levou um pouco mais do que o dinheiro. Ou deixou aqui algo que aqueles reais não compraria. Cheguei da rua e tremia. Tremia muito. Era medo. Raiva. Vontade de gritar INFERNO. Mas eu já tinha feito isto hoje e as pessoas que estavam na pracinha me censuraram com o olhar, eu senti e continuei andando. INFERNO. Sim. Estou ardendo no inferno da minha vida. O paraíso esta fechado para reforma. Me deixa no inferno.
Olhei nos olhos daquele homem. Sinto tanto pela sua desgraça. Ele não queria, tremia e parecia estar com tanto medo quanto eu. Disse que estavam atrás dele. Mas não tinha ninguém atrás dele. Eram os monstros potenciados com toda a maldita droga que ele usou. Os olhos. O jeito. E a minha certeza de que meu dinheiro viraria mais. Ele pode estar em alguma boca de fumo. Ou em qualquer lugar. Pode ter tido uma overdose. Morrido e estar olhando de longe o mundo impregnado de ódio. Ele levou meu dinheiro. Foda-se meu dinheiro. Nunca fui apegada a certas coisas. Claro que aquele dinheiro era parte da grana com a qual ia comprar uns livros. Fim bem melhor do que as drogas daquele infeliz. Mas não consigo ter raiva. Tenho dó. Pena. Piedade. O que para mim é infinitamente pior. Não gosto de sentir pena das pessoas. Acho um dos piores sentimentos. Eu acho.
Sinto muito pobre homem. Que você encontre o que procura, um dia, boa sorte e boa noite.