looking out on the substitute scene
De repente uma preguiça das coisas e dos outros. Dos outros que misturam as suas vontades com as minhas e transformam a sua projeção em expectativa. Inventam o que preciso ser, como devo me portar, quais são os lugares que devo frequentar. Recriam as amarras infantis que me prendiam a vontade dos meus pais, quando minha mãe fazia de mim a boneca que ela adoraria que eu tivesse sido. Fazem parecer ser completamente inaceitável não corresponder as vontades de um grupo que nunca pedi para fazer parte. Considero rock coisas que o rock não se veste. Respeito a entrega da Elis Regina e das mulheres do jazz. Não tiro de mim a admiração pelas coisas que não se encaixam. Como uma noite no Pelourinho assistindo um ensaio do Olodum. Me reservo o direito as experiências que não preciso classificar.
Tem horas que queria apenas não estar. Me soltar das expectativas dos outros e conseguir voar mais alto. Tem horas que queria apenas estar em pleno voo e não estar sozinha. Quero respeito aos pensamentos que não se completam já que a insistência se torna um fardo. De repente, sumo, desligo o celular e a vida, não respondo e-mails e me coloco a disposição da minha cabeça. Transformo a busca em palavras, esclareço os dias e reforço as vontades.
Já não me diz nada as voltas do meu passado. Andando em círculos, nunca sai do lugar, só aprofundei as pegadas já que os meus pés seguiam sempre o mesmo caminho. Me tornei previsível, irrisível, sem graça e sem cor. Até que... De repente, a vida mude de rumo e você nem vê. Chove lá fora e a vida volta a sorrir aqui dentro.