(um ano) após o outro
A cada dia o vazio aumenta. Não importa quais as respostas que consigo, as perguntas que faço, as histórias que escrevo. Um grande espaço de nada toma conta de mim todas as vezes que a ausência de uma coisa que não conheço, não encontro, não entendo se faz presente. É quando preciso me voltar para dentro, repassar os acontecimentos, refazer a trajetória que me levou até ali. É quando transformo o meu silêncio em som e escuto vozes em mim.
Tem horas que a inércia me transporta e outras que os excessos me encontram. Vivo vacilando entre extremos e sempre me afastando dos outros. Traço uma linha imaginária e onde começa o meu espaço vive sempre muito separado de onde pode coexistir o de outro. Faço pose enquanto tudo se dissolve em questões pequenas. Convenço a platéia e não me convenço. Interpreto o meu personagem e vejo os outros agirem comigo cheio de dedos, me coloco como expectadora de mim e percebo que faria o mesmo. Mas, vivo esperando aqueles que furam o bloqueio e me tratam apenas como igual. Cada vez menos. Cada vez mais seletiva. Cada vez mais longe. Cada vez mais sozinha.
Os que estão por perto, todo o tempo, são ainda aqueles que me conhecem desde quando eu era a garota de calça jeans, all star, óculos e aparelho. A personificação da adolescente insegura. Hoje em dia são poucos o que ultrapassam essa barreira. A vida de adulto tem um jogo de interesses que não me interessa porque ainda quero só a verdade que está escondida ou guardada. Quero só que a recíproca seja verdadeira pelos motivos certos. E, nesse jogo da vida adulta, é sempre uma besteira tentar definir o certo já que encontrar as doses de felicidade está quase sempre ligado a um vacilo certeiro. Poucos, cada vez menos, cada vez mais, maismaismais dúvida.