só de viver no seu mar
"Eu nunca precisei de ninguém para me indicar o caminho, quero ser fiel a mim mesma... Do jeito que eu sou: errada, torta, confusa, louca, apaixonada". (Alice - HBO)
É estranho se ver nas palavras de outro, de um personagem criado por alguém que deve ter observado várias pessoas como eu, pelas ruas da minha cidade e de tantas outras, aparentemente iguais se não se percebe as particularidades. Sempre fora do contexto, com o olhar longe, com os pensamentos distantes. Conservando o "porém" enquanto se esquiva de explicações. Me irrita toda e qualquer necessidade de adequação. Não quero me enquadrar em nenhum dos nichos que criaram, quero só o direito de ser exatamente do jeito que eu sou: errada, torta, confusa, louca, apaixonada.
Por decepção ou precaução, as minhas paixões envolvem muitas coisas antes de envolver pessoas. Deixo claro que sou complicada e aviso que meu lado ariano é simplesmente inconstante. Me reservo o direito de mudar quando já não existe mais movimento. Me deixa surpresa a capacidade dos outros de se apaixonar em instantes, o tempo todo, por um alguém novo. Acho que grandes paixões acontecem com uma periodicidade muito menor do que essa com que tanta gente fala por aí. Ao menos no que diz respeito a se apaixonar por alguém. Eu tenho a capacidade estranha de me apaixonar por música, por filme, por livro, por algo que é simplesmente concreto de forma abstrata e se esquiva de mudanças trágicas.
Tenho dessas paixões repentinas de uma noite só. Dessas que o personagem vive, aquela que muda de nome na balada por preguiça de ser. Me apaixono por coisas que desconheço a cor, o mistério me fascina e muito pouco em pouquíssimas pessoas mantem minha atenção além dos primeiros minutos. Porque, na vida e na arte, é quase tudo como na música que já diz muito nos primeiros acordes.