Entre ser e estar
Dezembro chegou com tudo. Me fez pedir a vida que tenha calma, pedir aos dias que passem sem serem notados, pedir a sorte de um agora tranquilo. Foi um ano intenso, me desprendi do passado, me perdi, me encontrei e me aceitei com tudo que tenho e sou. Cada uma das dúvidas mais fundamentais. Cada um dos ataques de riso e de melancolia. Cada momento que me equilibro me apoiando no simples fato de saber que sou feita de extremos. Mas, como um rio, o ideal é me escorar nas margens enquanto fluo pelo meio.
O fim do ano sempre me faz olhar para tudo que fiz e quem fui pelos 365 dias de mais um ciclo que se fecha em uma noite que chamamos de reveillon. Diferente de até então, quero a partir de agora, viver o presente. Não quero um daqui pra frente que só consiga ver se materializar daqui muitos dias, meses ou anos. É hora de crescer e deixar alguém entrar.
Não é mais estranho notar aquele lugar vazio e lembrar dos almoços, dos cafés, da companhia, da cumplicidade, das conversas, das palavras. Tem cheiros que provocam a falta que transformo em apenas uma doce lembrança de algo que existiu em um período e não se consolidou para me marcar no para sempre.
Faço do passado lembrança e, finalmente, me coloco a disposição de um agora. Sem mais nada que não me deixe ser... apenas ser, o que for.