Novo tempo
Hoje vi que estamos sofrendo de tempo, na verdade, da falta dele. Almocei com uma amiga da faculdade, três anos nos vendo todos os dias, e até hoje três anos sem se ver. O encontro foi daqueles que acontecem porque o acaso contribuiu, uma reunião que descobri ontem me colocou ao lado do trabalho dela e mandei um SMS convidando para almoçar. Tinha apenas quarenta minutos. Foi um almoço de quarenta minutos depois de três anos.
E, não é só o tempo palpável, são os sonhos que não cabem mais no tempo que sonhávamos antes. Todas as minhas amigas tem planos grandiosos de serem profissionais incríveis, calculam a carreira e os investimentos com precisão cirúrgica enquanto fogem de um compromisso. Meninas, quero afilhados e sobrinhos que adotarei como meus, pelo simples fato de ter amigas irmãs. Mas, de forma realista, não vejo no tempo nenhuma previsão disso acontecer.
Tenho toda pose e utilizo a credencial de moderna. Mas, a bem da verdade, sou uma romântica irreparável. Ainda acredito que vá encontrar quem vá me fazer encontrar prioridades onde entrem dois. Ainda espero alguém que vá me fazer pensar em ter uma família com cachorro e domingos no parque. Vejo uma criança sorrir e o meu mundo para diante da perspectiva de passar o meu legado a alguém.
Falta a simplicidade que o tempo que já não disponho me permitia. Me falta o sorriso de cantar com alguém especial de olhos fechados ao meu lado. Falta a poesia que um dia pensei escrever e que hoje só me pega de assalto. O tempo me falta e sem ele me falta muito.