upside down
Cada vez sinto que pertenço menos. Dou voltas no mundo e conheço pessoas diferentes em credos, em vontades, em formas, em cheiro, em cor, em volume, em sonhos, em som. Esbarro em tantos e não fico, não pertenço, não me sinto parte de quase coisa alguma.
Meu aniversário me faz refletir e me sentir meio certa ainda que tão errante. Já não tento mais fazer ninguém caber no meu sonho e não me prendo no tempo do eterno. Vivo no agora e espero apenas encontrar paz em companhia. Já quis tanto um daqueles amores cheios de ideal que as possibilidades se anulam e se faz sempre platônico. No meu agora só cabe quem me entrega calma, compreensão, sorrisos sinceros, verdades leves e segurança. Troco a tempestade de uma paixão arrebatadora pelo calor de um gostar manso. Troco exageros por compreensão. Troco cobranças por silêncio. Troco preces por prazeres. Troco juras por olhares.
Tem horas que me falta ar, me falta o chão, me falta vontade e inspiração. Um vazio me preenche de nada e quase sufoco por tudo. Busco sempre indo, de onde estou, de quem está comigo. Procuro enxergar de um panorama seguro, talvez próximo de uma saída, a espera de um acidente, de uma frase, de um nada qualquer que me empurre até o fim. De rima pobre, de compasso simples, de forma leve até que o som apenas me leve... Enfim.