sábado, maio 17, 2014

Não Éramos Tão Assim

 Essa foi provavelmente uma das minhas semanas mais difíceis desde 2009. Foi tanta coisa em pouco tempo, tive que olhar pro que estou deixando de ser para segurar o que não posso perder, o senso prático e a capacidade de pensar friamente em uma situação extrema. Tomar decisões, tomar partido, tomar posição.

O pesadelo acabou e trouxe alívio. Também pensei em você essa semana. Lembro que quando acabou você escreveu um bilhete que carreguei na bolsa por meses. Sabíamos, os dois, que por mais que no momento o que estava escrito parecesse uma verdade, demoraria pouco tempo para se tornar uma mentira. Você não esteve na semana mais difícil como eu também não vou estar nos seus dias ruins e nem nos bons.

Agora enxergo que as minhas expectativas me atrapalharam ver o que não chegaríamos a ser. Te agradeço pelo impulso e até por ter soltado minha mão permitindo a queda livre direto ao que vim buscar de mim. Preciso realmente me conhecer dessa forma de agora. Não tenho mais planos bem traçados, objetivos claros, segurança extrema. Tenho uma vida que estou construindo de forma diferente. Me permitindo mais esbarrões com o destino sem me proteger deles.

Claro que vez ou outra até penso no que poderia ter sido, se fôssemos certo um pro outro, se fôssemos claros um com o outro, se eu tivesse sido ainda mais honesta e humilde admitindo que não sabia o que estava fazendo. Não sabia, mas conseguia ficar sem o meu celular, quando estava com você. Não sabia, mas admitia a ideia até de quem sabe um dia acampar, mesmo sendo fresca demais pra isso e tendo medo de ficar dias inteiros sem internet. Não sabia quais eram as concessões que podia fazer sem ferir o que sou e nem as que poderia querer de você sem te desconfigurar. Hoje vejo que mal tivemos a oportunidade de nos conhecer. Lembra que te pedi isso? Quando tudo estava desmoronando, eu quase implorei a possibilidade de te conhecer, e por bem, você fechou a porta e foi. Apenas foi.