Mulher sem razão
A vida me mostrou um outro mundo possível. Uma vida em branco, onde eu escrevo cada palavra, posso mudar e ainda assim ser constante. Posso ser constante e ainda assim mudar. Me conheço em cada passo dado. Como se fosse um livro sendo escrito, não apenas lido, porque sigo sendo protagonista de mim. Hoje tenho medos diferentes, não mais medo de sentir e nem me entregar, apenas medo de me tornar coadjuvante de um abstrato nós.
Quero viver sempre apesar de, como disse Clarice, como penso eu hoje. Apesar de tudo sempre viver cada um dos sorrisos e até das lágrimas possíveis. Com menos proteção e mais verdade. Tenho entrado em comunhão comigo, sido mais leve, sido mais e por isso, leve. Me encanta a verdade dos gestos, a delicadeza do outro, os sonhos e o passado alheio que se mostra devagar e em vagar. Quando se vaga aparentemente inerte, porém certo de que a ilha que é outro, é algum lugar que gostaríamos de atracar nosso barco.
O carinho genuíno me faz sentir esperança. O desinteresse desperta meu interesse porque é onde nada se quer que somos apenas real. A vida, a cidade nova, os sonhos, as pessoas e o estado que estou (não apenas geográfico) me deu outro mundo possível. Que bom.