dias desses encontrei alguém que não via fazia anos, a pergunta mais natural de um paulista é perguntar o que a pessoa tem feito e isso abrange muito mais o sentido do trabalho do que o abstrato. respondi alguma coisa no caminho natural da pergunta e depois me peguei pensando no que eu - realmente - estava fazendo, o pensamento foi engolido nos dias seguintes por outros encontros e momentos, mas voltou no meio da tarde de um sábado.
entre as coisas ainda deixadas na casa dos meus pais, achei o livro que tem o meu conto preferido do caio fernando abreu e eu já li um total de um milhão de vezes, mas não me cansa nunca. para uma avenca partindo. e, sem aviso, o pensamento do que estou fazendo me voltou com força. eu estou repensando, estou vendo outras coisas, estou lendo mais livros, assistindo mais séries, ouvindo mais as pessoas, tenho ficado também mais em silêncio ouvindo os meus sons e os meus silêncios.
estou procurando o meu próximo desejo que talvez já esteja em mim, ou não. tenho tido menos paciência e, na contramão disso, criado mais empatia. meus interesses se alargaram e comecei a me sentir uma bagunça tremenda. estive um tempo nadando em mar aberto, onde não dava pé, mas isso me cansou. me aventurar no desconforto dos outros e de mim, me fez reconhecer quem sou e aceitar que gosto da segurança da maresia. tenho repensado e isso tem me coloca cada vez mais perto de mim, de novo.
o que eu tenho feito? tenho (re)feito e só.