OS PASSOS
O meu passado é um pêndulo. Vai e volta. Vai e se quase se perde. Volta. Volta e vai. E no fim não sei porque ele vive assoprando minhas feridas. Não deixa cicatrizar. Uma festa e a obrigação de repensar no quanto aquilo ficou para trás. Sempre tenho a certeza que te esqueci, naquele segundo em que te pedi para fechar a porta. Depois noto os meus passos para trás quando zerei o nosso placar já tão alterado pela vida. Não sei o quanto é você e o quanto é a minha imaginação. Sem admiração achei que nada pudesse continuar e continua. Ou não. Talvez seja só esse pedaço que impede de ir para frente. É a minha desculpa para sabotagem. Se amar dói. Prefiro o amor que invento. Prefiro a minha verdade. E se amar for tudo aquilo. Vivo com o que tenho hoje. Algum tipo de amor. Adormecido lá dentro. Envolto em uma barreira intransponível. Tomo banho no escuro para não correr o risco de encontrar minhas lembranças pregadas na parede. Limpo o dia, para contabilizar memórias.
O ontem, passou. O hoje, chega. O amanhã, chegará. E será assim até o dia que alguém tornar meus dias uma sucessão de uma sensação boa. Vou sair da fila do kamikaze e habitar o carrossel. Segura minha mão. Segura minha vida. Me segura.