quinta-feira, dezembro 25, 2008

Um ano...



No fim daquela semana que premeditaria o fim de mais um ano e esse foi tão diferente para nós. Um ano distante. Precisávamos nos reconhecer dentro de tanta história pela metade, um ano para escrever nossa própria história, queria ter te ligado tantas vezes, quando eu consegui de uma vez por todas te esquecer, queria ter contado que conheci alguém capaz de me mostrar que existia muita coisa além de tudo que você nunca soube fazer acontecer. Alguém que me deixava a vontade para voltar a ser eu. Teve também aqueles outros dias. Alguns lugares maravilhosos que a sua presença teria iluminado ainda mais. Noites no carro atravessando a cidade numa velocidade muito maior que a permitida e os pensamentos voando baixo. Faz um ano e, o nosso café de aniversário me fez voltar a viver cada dia do ano que acaba na semana que vem.

Nas nossas conversas o seu sorriso davam o tom das palavras. E os meus olhos, fugitivos e infantis, falavam em códigos. Mesmo que nunca tenhamos de fato conseguido entender muito bem o que tenha formado esses momentos. Você tem uma porção de coisas que eu considero insuportáveis. Talvez nunca tenha entendido a forma como me entrego a vida. Quando dizia que precisava estar apaixonada o tempo inteiro e como uma decepção acaba de vez com um sonho. Porque demora demais até confiar e um segundo para desconfiar.

Te contei dos meus dias. De como esse ano me aproximou mais dos meus amigos daqueles tempos de colégio. Porque a nossa vida caminhou em paralelo para o mesmo lugar. Eram meus amigos por não terem medo de viver, de ser feliz, de pular em um montinho, de conhecer a falta de limites quando buscávamos ser feliz. Queria te contar que agora, nesse momento, tenho medo da distância que se aproxima, porque eu não sei como vou lidar com a falta do meu porto seguro, todos poderiam sempre passar, me apaixonar e desapaixonar fervorosamente durante décadas, mas sabia que tinha alguém a distância do meu celular, são cinco anos da melhor amizade que eu tenho na vida, e ainda teremos muitos e muitos, só que esse um ano que se aproxima, me deixa aqui sem saber como lidar com a falta que eu já sinto. Talvez fugir e deixar passar seja um jeito de evitar a dor. Talvez esquecer das despedidas e viver esse último mês, outro. Depois mais doze meses e eu não sei como eu fico aqui. Porque com todo esse pensamento me sinto a mais egoísta, embora por outra lado morra de orgulho de tudo que ela conquista e saiba que conheço a melhor futura advogada desse país. Talvez sejamos isso com quem amamos, egoístas, queremos prender a presença e não lidamos bem com a falta. Queria te contar tudo isso durante o nosso café, mas tem coisas que ficam melhor no silêncio.

Lembra quando te falava do jornalismo? De como é importante estar apaixonada? Você recebeu a notícia da minha nova paixão com espanto. Até eu sorrir e falar que era pelo mesmo, pela profissão que escolhi para doar a minha vida. Finalmente comecei a trabalhar com música, entrei no caminho que quero trilhar, estou feliz e isso me faz acreditar que tudo vai ficar bem.

Esse nosso ano de distância acaba e eu já não sei se cabemos um na vida do outro. Mais um café, outro sorriso, a reconstrução da confiança... Não sei o que se perdeu.

Ouvi mais músicas, fiz outros cds, terminei de ler alguns livros, comecei outros e parei porque eles sufocavam ou não diziam nada. De verdade, não lembro de uma noite inteira e esqueci outras de propósito. Me certifiquei que meu sensor de caráter funciona e quando eu sinto desde o começo que não devo confiar, o mais certo é não confiar, e que tentar mesmo que todos os meus instintos digam não, tem sempre um fim ruim.

Conheci pessoas que escrevem maravilhosamente bem. Ouvi músicas que não imaginei jamais gostar. Fui em festas estranhas. Desconheci o meu passado e sorri com o presente. Mudei...

O mais importante é que 2009 chega e, com ele mais uma chance de fazer tudo diferente, agora.


ps. desenho do hermano, Bruno Lazzari.