Reação em cadeia
Conheço um monte de gente que é de poucas harmonias. Muitas vezes a minha inabilidade de aceitar qualquer melodia esbarra a de alguém e as duas simplesmente criam um arranjo novo. Mas, antes de música, falo da física e da química. Dois corpos nunca ocupam dois lugares no espaço, isso a química diz. Das poucas aulas de química que assisti, eram meu inferno no colégio, também lembro da mistura, onde um ou dois corpos diferentes formam uma mistura e que as energias se somam, entretanto, para isso, eles devem ter o mesmo número de átomos.
Pensei em como tenho uma inabilidade natural para relacionamentos. As respostas estavam em uma música que ouvi muito esse ano, mentalmente separei cada um dos instrumentos, ouvi duas vezes para deixar um em cada grupo teclado/piano/bateria/voz e em outro elementos eletrônicos/baixo/bateria. Com isso, ouvi pela terceira vez e toquei todos os instrumentos simultaneamente. Como justificativa para tanta habilidade de tocar tantos instrumentos ao mesmo tempo separando eles em apenas dois conjuntos, notei que nunca, em hipótese alguma, ainda que pressupostas, um som interferia no outro. É como pensar que, prestando atenção, é mentira quando alguém diz "estava um silêncio profundo que até dava para ouvir os grilos", no espaço que o grilo faz aquele barulho, o seu silêncio foi interrompido. Mas, é harmônico ouvir o grilo interrompendo o silêncio, assim como algumas melodias agradam e outras incomodam.
Com isso, os relacionamentos são bons, mas formam o terceiro elemento. Não existem metades de uma mesma laranja, quando você cortou a fruta, ela passou a ser dois pedaços, deixou de ser só uma laranja para ser duas metades de uma. Logo formou outra coisa, um terceiro elemento que se comparado com a vida: quando duas pessoas se encontram sempre resulta em algo entre amor, amizade, companheirismo, necessidade, compatibilidade, ira, irritação, negação e infinitas palavras que envolvem o sentir ou pensar. Mas, cada um desses sentimentos podem dar a impressão de ser outro por sempre poder ter temperatura e massa diferentes. Duas pessoas não podem fisicamente ocupar o mesmo lugar no espaço, pensando assim apenas se gera uma mistura. Que pode explodir, que pode reagir e dar em algo incrível, que pode reagir e dar em um desastre.
Com tudo isso, só notei que sou apenas um reagente, não combino com positivo e nem com negativo e encontro poucos elementos neutros. Os meus poucos e bons amigos, meus pensamentos que estão entre os átomos e portanto são neutros e todas as coisas que a física ou a química não explicam. Mas, penso o que não se explica? Descartei o amor porquê isso também é um conjunto de reações do sistema nervoso. A dúvida é: "o que, então?" Ainda não sei e, espero, nunca descubra. Não saber é sempre combustível para aumentar os desafios em busca das respostas...
domingo, setembro 12, 2010
quarta-feira, setembro 08, 2010
Remando contra a maré
Em pouco tempo notei que não faço parte do grupo. Porque além de ter outras prioridades, não faço a menor questão de fazer. O seleto grupo de jornalistas musicais. Tem o peter pan, o que não notou que passou o tempo de ser criança. Tem o que lê a NME e reproduz, faz chegar, bate na mesma tecla e lista todas as bandas que a revista dá como "a promessa do verão". Tem o que reclama e senta para escrever matéria sobre o novo disco da nova banda que toca a cada dois minutos no rádio. Tem o que recebe um CD com a instrução, não fale mal, mas fale.
Quando achei que unir duas grandes paixões fosse ser um mar de rosas, pensei que encontraria pessoas (dentro disso) que dividissem a paixão em comum. Não quero resenhar um CD apontando cada nuance da gravação, enumerar todos os instrumentos quando ele não foge do lugar comum, me interessa o estranho, uma gaita de fole, de repente. Música para mim tem cheiro, tem alma, tem que bater com a minha razão, as letras precisam conversar comigo, é disso que gosto, é disso que falo por vontade, é isso que é (a minha) verdade. Me dou o direito de comprar brigas que são minhas. Por sorte, uma hora por semana, me entrego a algo que me dá prazer. Entrego uma hora para pessoas que ganharam minha confiança e respeito. Beto é uma surpresa grudada na outra. Daniel já tocou Tom Waits. Pitty foi quem ajudou a fecundar o embrião do que viria a ser algo que descobrimos a cada dia. Um filho que aprende as palavras enquanto enrola as sílabas.
Mas, voltando ao ponto de partida, não faço parte dos jornalistas musicais e nunca vou fazer. Não quero fazer parte do grupo de pessoas que ouvem o último disco e escrevem qualquer besteira descrevendo tudo que mata a vontade de alguém ouvir. Não quero falar só do que gosto. Mas, quero fazer o outro sentir junto. Música para mim é pulsação e todos pulsam, ainda que em ritmos diferentes.
Também tem o grupo dos que queriam ser músicos. Daí, nesses, você nota aquela crucial inveja de quem não conseguiu fazer melhor. Também não faço parte desse grupo, minha coordenação motora é medíocre e me orgulho dela. Só quero tocar piano, na próxima vida ou na velhice, hei de aprender. Mas, é satisfação pessoal, é fascínio, puro e simples.
Quem sabe eu sou só a ovelha desgarrada da profissão ou unir paixão e trabalho pode provocar diversos questionamentos de uma mulher na TPM. Enfim, todas as opções são válidas, eu acho.
Em pouco tempo notei que não faço parte do grupo. Porque além de ter outras prioridades, não faço a menor questão de fazer. O seleto grupo de jornalistas musicais. Tem o peter pan, o que não notou que passou o tempo de ser criança. Tem o que lê a NME e reproduz, faz chegar, bate na mesma tecla e lista todas as bandas que a revista dá como "a promessa do verão". Tem o que reclama e senta para escrever matéria sobre o novo disco da nova banda que toca a cada dois minutos no rádio. Tem o que recebe um CD com a instrução, não fale mal, mas fale.
Quando achei que unir duas grandes paixões fosse ser um mar de rosas, pensei que encontraria pessoas (dentro disso) que dividissem a paixão em comum. Não quero resenhar um CD apontando cada nuance da gravação, enumerar todos os instrumentos quando ele não foge do lugar comum, me interessa o estranho, uma gaita de fole, de repente. Música para mim tem cheiro, tem alma, tem que bater com a minha razão, as letras precisam conversar comigo, é disso que gosto, é disso que falo por vontade, é isso que é (a minha) verdade. Me dou o direito de comprar brigas que são minhas. Por sorte, uma hora por semana, me entrego a algo que me dá prazer. Entrego uma hora para pessoas que ganharam minha confiança e respeito. Beto é uma surpresa grudada na outra. Daniel já tocou Tom Waits. Pitty foi quem ajudou a fecundar o embrião do que viria a ser algo que descobrimos a cada dia. Um filho que aprende as palavras enquanto enrola as sílabas.
Mas, voltando ao ponto de partida, não faço parte dos jornalistas musicais e nunca vou fazer. Não quero fazer parte do grupo de pessoas que ouvem o último disco e escrevem qualquer besteira descrevendo tudo que mata a vontade de alguém ouvir. Não quero falar só do que gosto. Mas, quero fazer o outro sentir junto. Música para mim é pulsação e todos pulsam, ainda que em ritmos diferentes.
Também tem o grupo dos que queriam ser músicos. Daí, nesses, você nota aquela crucial inveja de quem não conseguiu fazer melhor. Também não faço parte desse grupo, minha coordenação motora é medíocre e me orgulho dela. Só quero tocar piano, na próxima vida ou na velhice, hei de aprender. Mas, é satisfação pessoal, é fascínio, puro e simples.
Quem sabe eu sou só a ovelha desgarrada da profissão ou unir paixão e trabalho pode provocar diversos questionamentos de uma mulher na TPM. Enfim, todas as opções são válidas, eu acho.
domingo, setembro 05, 2010
círculos
Correndo. Sempre dou um jeito de não deixar dar certo, de fugir, de me armar, de acabar, de esquecer os meus planos mentais, de soltar minhas mãos. Vou mais rápido, por um caminho diferente e chego antes no limite. Pulo os obstáculos e me equilibro melhor com minhas mãos livres. Sou bicho acuado, sou gato manso que volta para o lar, cavalo indomado, sou pônei calmo guiado por uma criança no campo, sou faceira, sou mistério, sou falante, sou silêncio, sou direção e não sou caminho enquanto sou milhares e sou uma. Gosto do seu olho que pede provação. Gosto dos seus gestos (in)seguros. Gosto do jeito que não gostamos da situação. Mas, gosto de saber que não gosto mais como antes. Você e suas variáveis não preenchem a minha equação. Seus mistérios se guardam. Suas perguntas se respondem com medo. Você, como tantos, é só mais um daqueles que tem medo de estar só e eu preciso tanto disso também.
Correndo. Sempre dou um jeito de não deixar dar certo, de fugir, de me armar, de acabar, de esquecer os meus planos mentais, de soltar minhas mãos. Vou mais rápido, por um caminho diferente e chego antes no limite. Pulo os obstáculos e me equilibro melhor com minhas mãos livres. Sou bicho acuado, sou gato manso que volta para o lar, cavalo indomado, sou pônei calmo guiado por uma criança no campo, sou faceira, sou mistério, sou falante, sou silêncio, sou direção e não sou caminho enquanto sou milhares e sou uma. Gosto do seu olho que pede provação. Gosto dos seus gestos (in)seguros. Gosto do jeito que não gostamos da situação. Mas, gosto de saber que não gosto mais como antes. Você e suas variáveis não preenchem a minha equação. Seus mistérios se guardam. Suas perguntas se respondem com medo. Você, como tantos, é só mais um daqueles que tem medo de estar só e eu preciso tanto disso também.
Okay, digo, preciso estar (com você) a sós.
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