não é (só) de agora
O mar é infinito, o horizonte aponta sempre um novo começo, o fim é só o ponto onde você não chegou. Para frente e avante, desbravador dos sete mares, com respeito a iemanjá. Do mar o que é dele, ao homem o que do homem: a posição de minúsculo ser em um lugar cheio de tudo.
Tem horas que me sinto mar, sou marola e maremoto, meu humor é o vento que agita os sete mares. Não acolho canoa e nem deixo entrar barco pequeno, não recebo bem os intrusos, não deixo quem não sabe nadar, brincar. Jogo com a vida, me mantenho alerta, sou paz e paciência, sou grito e intolerância, sou extrema. Sou muitas para ser uma só.
Mas, respeito quem pede a graça de iemanjá antes de mergulhar. Acolho barco preparado, pessoas abastecidas com vida vivida, sou democrática e não cobro a entrada. Deve ser por isso que você entrou, com tantas qualidades escondidas e levou lá para o fundo a paz que guardei aqui, na beirada, sentada. Peço a graça de iemanjá para desbravar o seu mar. Posso entrar, rainha do mar?