Entre singular e plural
Uma parte de mim quer altura e a outra melodia. Uma parte quer movimento e a outra calmaria. Uma parte quer conhecer o mundo e a outra quer apenas se conhecer. Uma parte de mim quer refazer o caminho e a outra prefere mudar de estrada. Uma parte quer reescrever a história e a outra adoraria uma folha em branco. Uma quer uma festa enorme e a outra prefere a solidão do quarto vazio. Uma parte quer fazer do mundo o quintal da sua casa e a outra faz do quintal de casa o seu mundo. Uma parte é fácil e a outra complexa. Uma parte é tolerante e a outra não entende as pessoas. Sempre trocando passos com a maldição da pluralidade de quem nunca aprendeu a ser singular. Por medo e precaução, se mantém longe dos extremos e por isso se sente inerte.
quinta-feira, janeiro 27, 2011
terça-feira, janeiro 25, 2011
It's just that it's delicate
Uma enorme sensação de conforto, a simplicidade de poder simplesmente ser e de reconhecer no outro o que não se perde. Errei muito, te transformei em palavras e fiz de você um personagem que só existia em letras. Esperei que você se comportasse como o meu personagem, sentisse as emoções que eu emprestava a ele e julgasse certo o que o reflexo de mim gostaria que fosse. Por muito tempo perdi o que não soube aceitar, as suas particularidades, o seu jeito de ser. Nem nos mais belos textos o meu personagem seria melhor do que a realidade, porque é dela que se movimenta os seus atos, que se faz a sua graça. Bom te ver sonhando, querendo, acreditando sempre com aquele jeito seu de não se dar o devido valor.
Admito que no momento, eu que nunca me importei com que os outros acham, tenho medo. Eu que nunca liguei para o depois desde que o instante fosse realmente vivido, nesse espaço de tempo, tenho medo. Me libertei do sentir para conseguir me livrar do passado, me desfiz das amarras que me mantinham em outro espaço, passei a jogar com a vida e a colorir os caminhos. Fiz da leveza a minha missão, fiz do dia seguinte apenas um dia qualquer, fiz de tudo para achar que até então fazia da vida um cálculo matemático errado, como diria Clarice.
Me soltei das palavras e fui para fora, simplesmente viver. Me desfiz da poesia, nunca mais gravei CDs ou soube qual era a bebida preferida de alguém. Nunca mais deixei ninguém entrar na minha vida, como se tivesse fechado a porta e já não pudesse mais voltar a trilhar esses velhos caminhos. Desde então, dentro de mim, me sinto segura.
Alguns cheiros me remetem direto para uma lembrança vagamente esquecida. Hoje sei que é dele que sinto falta, do passado. Será então seguro brincar com as estradas que um dia me levaram direto ao precipício maior que foi encontrar esse medo (de viver)? Nunca fui de levar a vida direto para a segurança, só que agora...
Uma enorme sensação de conforto, a simplicidade de poder simplesmente ser e de reconhecer no outro o que não se perde. Errei muito, te transformei em palavras e fiz de você um personagem que só existia em letras. Esperei que você se comportasse como o meu personagem, sentisse as emoções que eu emprestava a ele e julgasse certo o que o reflexo de mim gostaria que fosse. Por muito tempo perdi o que não soube aceitar, as suas particularidades, o seu jeito de ser. Nem nos mais belos textos o meu personagem seria melhor do que a realidade, porque é dela que se movimenta os seus atos, que se faz a sua graça. Bom te ver sonhando, querendo, acreditando sempre com aquele jeito seu de não se dar o devido valor.
Admito que no momento, eu que nunca me importei com que os outros acham, tenho medo. Eu que nunca liguei para o depois desde que o instante fosse realmente vivido, nesse espaço de tempo, tenho medo. Me libertei do sentir para conseguir me livrar do passado, me desfiz das amarras que me mantinham em outro espaço, passei a jogar com a vida e a colorir os caminhos. Fiz da leveza a minha missão, fiz do dia seguinte apenas um dia qualquer, fiz de tudo para achar que até então fazia da vida um cálculo matemático errado, como diria Clarice.
Me soltei das palavras e fui para fora, simplesmente viver. Me desfiz da poesia, nunca mais gravei CDs ou soube qual era a bebida preferida de alguém. Nunca mais deixei ninguém entrar na minha vida, como se tivesse fechado a porta e já não pudesse mais voltar a trilhar esses velhos caminhos. Desde então, dentro de mim, me sinto segura.
Alguns cheiros me remetem direto para uma lembrança vagamente esquecida. Hoje sei que é dele que sinto falta, do passado. Será então seguro brincar com as estradas que um dia me levaram direto ao precipício maior que foi encontrar esse medo (de viver)? Nunca fui de levar a vida direto para a segurança, só que agora...
If it means nothing to you
Why do you sing with me at all?
We might live like never before
When there's nothing to give
Well how can we ask for more?
Damien Rice - Delicate
Why do you sing with me at all?
We might live like never before
When there's nothing to give
Well how can we ask for more?
Damien Rice - Delicate
domingo, janeiro 23, 2011
Anestesiada
Talvez tenha sido o passado ou seja apenas uma fase. Quem sabe a maturidade do dia após dia, da marca após marca, dos momentos de felicidade, da busca infinita, da insatisfação crônica, do querer sem querer. Me faz falta sentir com a mesma intensidade que um dia a juventude me permitiu, não que se tenham passados tantos anos a ponto de eu não mais me encontrar com a juventude. Foi só o tempo que passou, aquele que cicatriza feridas e desconserta as resoluções fálidas, aquelas que a gente toma só para se livrar. Percebo hoje que meu amor se torna plena indiferença, me dói também, porque não sentir nada é do tamanho do vazio, esse mesmo que nem se quer pode ser medido.
Quanto de mim teve que se perder, quanto precisei ceder e me dedicar a alguns caprichos dignos de nota, quanto ficou esquecido enquanto eu me esquecia de mim. Foi muito gostar, foi muito querer, foi muito de tudo. De mim, quase nada, de novo, a apatia.
Talvez tenha sido o passado ou seja apenas uma fase. Quem sabe a maturidade do dia após dia, da marca após marca, dos momentos de felicidade, da busca infinita, da insatisfação crônica, do querer sem querer. Me faz falta sentir com a mesma intensidade que um dia a juventude me permitiu, não que se tenham passados tantos anos a ponto de eu não mais me encontrar com a juventude. Foi só o tempo que passou, aquele que cicatriza feridas e desconserta as resoluções fálidas, aquelas que a gente toma só para se livrar. Percebo hoje que meu amor se torna plena indiferença, me dói também, porque não sentir nada é do tamanho do vazio, esse mesmo que nem se quer pode ser medido.
Quanto de mim teve que se perder, quanto precisei ceder e me dedicar a alguns caprichos dignos de nota, quanto ficou esquecido enquanto eu me esquecia de mim. Foi muito gostar, foi muito querer, foi muito de tudo. De mim, quase nada, de novo, a apatia.
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