DESDE QUE A SEGUNDA É SEM LEI
Eu sempre quis muito de tudo. Vários caminhos me levando a um lugar de onde não conseguiria escapar. Fazer da música, além de válvula de escape, meu meio de fuga para aguentar o padrão de trabalhar tantas horas em um mesmo lugar. Aceitar que vou me repetir sem me deixar afundar dentro da monotonia. No começo da faculdade queria trabalhar com jornalismo social, de um jeito sem sentido e sem noção, queria simplesmente mudar o mundo. Depois fui vendo que mudar alguma coisa é mais válido do que viver uma vida lutando em vão. Queria ter voz para poder ajudar alguém a pensar. Queria que todos encontrassem paz nas letras e que as palavras pudessem ter alguma força. Queria atingir as pessoas sem invadir o espaço. Queria ser jornalista, queria ser mais do que só mais uma, queria ser várias. E, foi quase assim, que de estagiária da assessoria de imprensa da rádio virei produtora do Segunda-Feira Sem Lei.
O processo teve quatro partes: vencer o medo da chefe, acreditar que uma ideia poderia virar realidade, encontrar com quem dividir o ideal e não desistir. Foi a Denise e a Bruna que quase me empurraram e eu que quase sem voz falei "Gi, tive uma ideia", ela mal se movimentou e eu continuei, "um programa de música alternativa". Tudo bem diferente do que virou o Segundinha, ela gostou e daí surgiu a dúvida: "quem apresentaria?". Foi quando entrevistei a Pitty para o site. Bem, não diria que entrevistei, sempre falo que a entrevista se perdeu no caminho para virar uma conversa sobre literatura e música. Entre um papo e outro apareceu uma das coisas que mais encantaria na pessoa que ela é: a insatisfação. Pitty é uma insatisfeita com razão. Diferente dos reclamões, usa a insatisfação como combustível para levá-la a outros lugares. Foi exatamente essa insatisfação que me fez querer ter ela por perto. Dessa conversa vieram muitas outras. Nos falamos por twitter, e-mail, entre papos nossos com apoio e ajuda da Gi, tivemos realmente a ideia do que é hoje o Segunda-Feira Sem Lei. Vieram Dani, Beto e Paulo. A gravação do piloto, as fotos de divulgação, o nome, o mecanismo mínimo para fazer tudo funcionar, quase uma gestação. De agosto, lançamento do Chiaroscuro, até a estreia do Segunda-Feira Sem Lei se passaram oito meses.
Mas, minha vida não é só o Segunda-Feira Sem Lei e foi preciso força para aguentar alguns absurdos do caminho. Foi preciso me apegar a essa ideia e acreditar nesse ideal para não largar o processo. E, tudo teve um ponto muito alto no fim do ano passado, me formei na faculdade com o dez que me tirou madrugadas enquanto me dividia entre escrever um livro e trabalhar. E como tudo na minha vida o tema também é amor. "Amor Tátil - os discos de vinil sobrevivem à evolução dos tempos". Meu livro, meu outro filhote. E, motivo ainda maior de orgulho, as nossas Segundas foi eleito programa revelação do rádio de 2010.
Mas, nada disso seria possível sem um monte de pessoas especiais. Pitty pelos cafés, pelas conversas, pelas trocas, pela confiança e por me ajudar a acreditar. A Gislaine pelas broncas, pela cobrança e por acreditar que era possível. Ao Dani, Beto e Paulão por também terem acreditado. (Dani, obrigada pelas caronas também). A Denise por estar SEMPRE junto. Ao Johnny por me deixar chorar e rir na sala dele sempre que as coisas ficavam complicadas demais. Ao Siba pela plástica e pelo carinho na edição do programa. A Livya, Rosangela, Dinho, Bruna Marconi, Leandro, Thaís, Debora Fala, os cariocas e todo mundo que teve sempre junto. Enfim, graças a todos que fazem da Transamérica e da minha vida, um lugar melhor.