Bruta flor do querer
Não adianta. As noites não resolvem os dias conturbados e o vazio do dia seguinte só aumenta a confusão. Eu não sou assim, não consigo sorrir para qualquer um que passa, não quero entrar nesses jogos todos de faz de conta. Quero um fim de semana no Rio de Janeiro contando certezas e contemplando o pôr do sol do Arpoador. Quero confessar que gosto tanto do Arpoador porque é lá que sinto toda a poesia da vida, como se o lugar guardasse mais do que a infinitude do mar, como se no alto daquelas pedras houvesse algo além da paz.
Quero domingos infinitos, quero sábados dividindo a mesa do bar com os amigos, quero que a busca simplesmente se acalme. Quero sentir algo além da angústia e das incertezas. Quero certezas pequenas. Quero sentir São Paulo dentro de um abraço, quero sentir que a cidade guarda mais do que pessoas apressadas, quero deixar de ser uma dessas pessoas apressadas que sufocam as inseguranças com sucesso profissional. Preciso, de uma vez por todas, delimitar os espaços na minha vida. Deixar de suprir falta com efêmeras conquistas. Preciso... rio, quem sabe em janeiro?
ps. o título é Caê.