quarta-feira, julho 18, 2012

we are accidents (waiting) waiting to happen

 Leve. Me sinto assim. Existe cor nos meus dias cinzas na cidade que não para e onde não paro. "Não crio raiz", como escreveu alguém que conheci por acaso no acaso dos dias. Não me prendo, não finco, não fico. Saio leve pela madrugada fria, pela tarde vazia, pela casa em companhia do silêncio que esquenta. As sensações não me incomodam. Nem o frio, nem a chuva, nem as três mil blusas que me protegem.

 Me perdi e me reencontrei. Me perdi quando me permiti e voltei refeita. Voltei a me apaixonar de forma simples pelas coisas que não se tocam. Fiz as pazes com a angústia da minha banda preferida. Fiz as pazes com o poderia ter sido. Fiz as pazes com o que tem a possibilidade de ser. Fiz as pazes com a leveza.

 Me interessa a poesia, me interessa aprender, me interessa o que de novo existe depois da linha que ainda não escrevi nesse enorme livro que chamamos de vida.

 Áries com ascendente em escorpião e lua em gêmeos. Fogo, terra e ar. Ardo como um ariano arde na sua urgência de vida, me movimento como o bicho de terra e sinto com o devaneio do ar. Os anos me mostraram que fugir da essência sempre me levou para longe, de mim, e sou tartaruga que precisa do casco para existir onde é só seu no mundo.

 Já dei tantas voltas, já corri enormes maratonas, já fugi de sentir, já já já. Já cansei também. O meu tempo é agora e ele está, espero que o verbo passe para o infinit(iv)o e se torne ser, leve.

 O título é de There There do Radiohead aka banda da vida.

quarta-feira, julho 11, 2012

(so)RIO

Dias para fugir do caos e me encontrar na calma que me falta. Dias para encontrar amor em simplicidade e carinho em gestos pequenos. É fim de tarde olhando o mar, dia chuvoso em euforia, madrugada fria em festa.

É uma cidade que cabe o mundo inteiro e me renova enquanto inova no meu sentir. São abraços, é colo, é carinho e encontro. Uma tarde inteira na praia enquanto o vento tenta nos expulsar. É o mar me envolvendo em calma enquanto as crianças correm ao redor e os casais sorriem na preguiça do colo que um empresta ao outro. É tudo mais verdade e mais simples, as pessoas são mais coloridas e os dias menos pesados. É uma festa com música boa, pessoas incríveis, risadas sonoras e no fim dormir no colo do amigo envolvida em paz e cansaço.

 Um domingo no supermercado, fazendo pasteis, tentando jogar sinuca em uma sala apertada, rindo de besteiras, cantando músicas bonitas e sorrindo até o rosto ficar dolorido. É um encontro depois de anos e o conforto da presença do outro.

 É simples porque lá as pessoas sorriem, se abraçam, se ajudam e se gostam. É simples porque voltar ao Rio sempre me renova e me mostra algo de novo... Como sentir de novo... em paz.

segunda-feira, julho 02, 2012

Bem que se quis
Depois de tudo ainda ser feliz


Muito obrigada por tudo que você me mostrou. Pelo jeito simples que se tornou sentir. Eu que nunca fui de me permitir, me vi, sozinha, no meio de um monte de sentimentos desconexos. Sentindo tudo e muito. Conversas que nos fizeram girar no centro do que deixou de ser pela minha distância e pelo jeito que você colocou alguém entre nós. Declaro a ausência de culpados e só hoje percebo que sempre existiram alguns e nunca nós. Éramos a sombra da nossa vontade de acertar depois de tantos erros. Eu passei os últimos anos da minha vida persistindo na história que criei para viver. Passei os últimos anos me enchendo de obrigações, de outras prioridades, de trabalho e da ausência de tempo. Mas, obrigada, você me mostrou que existe tempo e vida em mim, mostrou que posso sentir coisas bonitas de forma real.

 Ouço todas as músicas que me fazem voltar no tempo. Dido, Marisa Monte, Elis Regina, Radiohead, Feist, Regina Spektor, Luiza Possi, Legião Urbana, Cat Power e tantos outros que embalam em melodias doces alguns pesares. Seguro o último respiro do que vivemos para te conservar sem pesar no meu passado.

 Não existe um depois para o que não é agora. Não posso e nem vou te esperar, como diz a música no repeat infinito. Nas nossas últimas conversas lembro da esperança de um novo tempo, de um novo momento, de nós. Só que prefiro te levar enquanto não existem grandes mágoas. Sigo, leve e difusa, leve e profusa, leve e confusa. Sigo porque seguir é a melhor forma de continuar. Sem você, sem nós, sem o fim que foi caos.

 Ao mesmo tempo, obrigada, por ter me feito notar os sorrisos ao lado. As frases e a ternura dos outros. De uma forma simples, obrigada por me deixar e me fazer continuar... sem você.