Leve. Me sinto assim. Existe cor nos meus dias cinzas na cidade que não para e onde não paro. "Não crio raiz", como escreveu alguém que conheci por acaso no acaso dos dias. Não me prendo, não finco, não fico. Saio leve pela madrugada fria, pela tarde vazia, pela casa em companhia do silêncio que esquenta. As sensações não me incomodam. Nem o frio, nem a chuva, nem as três mil blusas que me protegem.
Me perdi e me reencontrei. Me perdi quando me permiti e voltei refeita. Voltei a me apaixonar de forma simples pelas coisas que não se tocam. Fiz as pazes com a angústia da minha banda preferida. Fiz as pazes com o poderia ter sido. Fiz as pazes com o que tem a possibilidade de ser. Fiz as pazes com a leveza.
Me interessa a poesia, me interessa aprender, me interessa o que de novo existe depois da linha que ainda não escrevi nesse enorme livro que chamamos de vida.
Áries com ascendente em escorpião e lua em gêmeos. Fogo, terra e ar. Ardo como um ariano arde na sua urgência de vida, me movimento como o bicho de terra e sinto com o devaneio do ar. Os anos me mostraram que fugir da essência sempre me levou para longe, de mim, e sou tartaruga que precisa do casco para existir onde é só seu no mundo.
Já dei tantas voltas, já corri enormes maratonas, já fugi de sentir, já já já. Já cansei também. O meu tempo é agora e ele está, espero que o verbo passe para o infinit(iv)o e se torne ser, leve.
O título é de There There do Radiohead aka banda da vida.