Entre o chão e os ares, vou sonhando em outros ares
Quantas pessoas você conhece de verdade? Com quantas pessoas você é de verdade? Somos todos feitos de muitos ainda que sendo apenas um. São diferentes nuances, sonhos escondidos e outros visíveis. Por fim, somos feitos de matéria invisível já que são pouquíssimos aqueles que conseguem tocar o inteiro.
Tem dias que acordamos cheios de sol e outros em que passamos dias inteiros sendo noite. Porque a noite te leva de volta a casa ou ao lar. A noite te leva aos sonhos. Os sonhos te levam a vida. A vida possível e aquela impossível.
Tenho me sentido mais cansada. Menos solar. Menos a vontade dentro da minha pele. Tem dias que queria apenas passar ele inteiro sem ser eu porque o que sou quase não me tem. Represento diversos personagens. Sou filha, sou jornalista, sou amiga, sou muitas. Sou tantas que me sinto dividida e não conjunto de tudo.
Em São Paulo me sufoca a impessoalidade dos dias e no Rio me sufoca as expectativas de que sendo estrangeira de mim encontre a peça que me faz ficar, em algum lugar, qualquer lugar. O ar ficando cada vez mais rarefeito como efeito do quanto me sinto deslocada em qualquer parte. Uma parte de mim perdida, extremamente perdida, descolada do inteiro. Uma parte fundamental que fez (até aqui) tudo parecer possível. Nesse agora, nada fica, nada continua, tudo passa. Tudo passa.