quinta-feira, maio 22, 2014

Espelho

Faz sete meses que cheguei e hoje foi a primeira vez que olhei realmente pra trás, literalmente, em uma viagem pela minha timeline do facebook, onde encontrei infinitas sutilezas que desenharam parte de uma história. Tanta coisa que deixei pelo caminho. Pessoas que ficaram, pessoas que chegaram, noites que imaginei e nunca tive, como outras que jamais imaginei e aconteceram.

A vida se escreve em linhas tortas. A gente se perde para se encontrar. E vive se perdendo, se encontrando e se magoando com palavras. A gente vive fazendo algumas coisas erradas na tentativa de estar bem. Pensamos em histórias lindas para viver e tropeçamos nos próprios pés. Queremos substituir um amor errado por um novo, sem saber que o erro está em não se esgotar, está no simples fato de que a transferência vem também com o ruim de antes. É preciso viver o luto de um amor para se entregar a um novo. Desfazer o que de ruim ficou até que só fiquem as lembranças boas sem que elas nos façam pensar em voltar ao lugar onde já estivemos. Passar por aquele abismo que é se esquecer da dor a ponto de se iludir com a diferença em um futuro tão breve.

 Estou desatando alguns nós do passado. Olhando pro que minha adolescência fez de mim e o que faltou nela. Revendo a relação com meus pais. Revisitando alguns feridos abatidos pelo caminho. Procurando ouvir o que silenciei na tentativa de racionalizar as dores. É um caminho nebuloso e outras vezes coloridos. É um caminho silencioso e outras vezes barulhento. É um caminho de sorrisos e algumas lágrimas. É um caminho de aceitar que fui o que poderia ser no momento presente. Mas, que posso mudar o meu daqui pra frente. Quero desfazer as expectativas que tenho sob mim e os outros. Quero recomeçar de onde sinto que me anestesiei pro futuro. Quero as alegrias e as dores. Dias e noites repletos de destino. Quero viver o momento presente e me sentir sempre no agora. Pelos próximos dias, semanas, meses e anos.

sábado, maio 17, 2014

Não Éramos Tão Assim

 Essa foi provavelmente uma das minhas semanas mais difíceis desde 2009. Foi tanta coisa em pouco tempo, tive que olhar pro que estou deixando de ser para segurar o que não posso perder, o senso prático e a capacidade de pensar friamente em uma situação extrema. Tomar decisões, tomar partido, tomar posição.

O pesadelo acabou e trouxe alívio. Também pensei em você essa semana. Lembro que quando acabou você escreveu um bilhete que carreguei na bolsa por meses. Sabíamos, os dois, que por mais que no momento o que estava escrito parecesse uma verdade, demoraria pouco tempo para se tornar uma mentira. Você não esteve na semana mais difícil como eu também não vou estar nos seus dias ruins e nem nos bons.

Agora enxergo que as minhas expectativas me atrapalharam ver o que não chegaríamos a ser. Te agradeço pelo impulso e até por ter soltado minha mão permitindo a queda livre direto ao que vim buscar de mim. Preciso realmente me conhecer dessa forma de agora. Não tenho mais planos bem traçados, objetivos claros, segurança extrema. Tenho uma vida que estou construindo de forma diferente. Me permitindo mais esbarrões com o destino sem me proteger deles.

Claro que vez ou outra até penso no que poderia ter sido, se fôssemos certo um pro outro, se fôssemos claros um com o outro, se eu tivesse sido ainda mais honesta e humilde admitindo que não sabia o que estava fazendo. Não sabia, mas conseguia ficar sem o meu celular, quando estava com você. Não sabia, mas admitia a ideia até de quem sabe um dia acampar, mesmo sendo fresca demais pra isso e tendo medo de ficar dias inteiros sem internet. Não sabia quais eram as concessões que podia fazer sem ferir o que sou e nem as que poderia querer de você sem te desconfigurar. Hoje vejo que mal tivemos a oportunidade de nos conhecer. Lembra que te pedi isso? Quando tudo estava desmoronando, eu quase implorei a possibilidade de te conhecer, e por bem, você fechou a porta e foi. Apenas foi.

domingo, maio 04, 2014

Sucecasa

 Sempre me imaginei tendo a minha casa para receber os meus amigos. Porque nunca fui mesmo de balada, o dia seguinte abria um vazio tão grande, ter o mundo por algumas horas e depois da madrugada nada ficar. Sempre quis e esperei mais da vida do que poucas horas.

 Hoje vejo cada dia mais minha vontade sendo real. Tenho minha casa, posso receber os meus amigos, tomar um bom vinho e falar da vida. Posso rir das dificuldades passadas porque elas já parecem realmente distantes.

 Lembro que nosso refúgio até então era a casa de alguém que os pais adoravam viajar. A casa de uma das minhas melhores amigas que tem o sótão mágico, sempre era possível morrer subindo ou descendo, mas a gente subia para dormir todos juntos e respeitávamos o primeiro que capotou fazendo um pouco de silêncio. Aliás, respeito parece tão simples, mas não é. Respeitar o colega que dormiu, o outro que não acordou em um dia bom ou só o que é realmente diferente. O diferente assusta, eu sei.

 Tenho amor por tudo que tenho sido e por todos que tem sido perto de mim. A maior parte dos meus amigos tem hoje os seus pequenos refúgios, os seus amores e suas dores que confessamos rindo nas mesas dos bares. Mas, tem e sentem, o que é uma coisa linda de existir.

 O meu amor é de vocês, meus amigos, meus queridos. :)