Gosto de você pra planar
Planos soberanos
Aconteceu muita coisa de novo. Mais uma vez tive que olhar meu passado nos olhos para me voltar ao futuro. Por algum tempo foi só presente. Viver os meus dias, um de cada vez, leve de sentido e também ausente de sonhos maiores. Como em uma relação já desgastada, porém confortável. Como em uma vida apenas inerte, porém não estagnada.
Nem a cidade que escolhi já não me atordoava mais com sua beleza. Um tempo desperdiçado esse que não se vive com alguma paixão. Os dias eram todos iguais até eu decidir que era preciso mudar de novo. Mas, mudar dessa vez, sem distâncias geográficas. Era hora de deixar tudo passar. Me desfiz do desgaste que sempre foi a tentativa de cruzar retas paralelas. Restabeleci em mim a rotina que melhor me cabe. Os amigos leves, os shows, a praia e a minha própria companhia. Tem horas que ficar sozinho é a única maneira de se ouvir.
Tem também horas que o outro é a nossa melhor ponte com nós mesmos. Por bem ou por mal, alguns te mostram impossibilidades absurdas e outros apontam caminhos iluminados. Tem quem esbarre em sonhos adormecidos e nem imagine que te tocou assim. Tem gente que começa, dia após dia, aparecer na sua vida em pequenas sutilezas. Pessoas que timidamente conquistam espaços, gente que você pode voltar a viver sem, mas prefere não.
O bom é que não existe distância entre essas pessoas. É aquele amigo que aparece com um band-aid ridículo em um machucado conquistado de um jeito pior ainda. É quem se desperta uma tremenda crise alérgica porque comeu camarão sem saber. É quem te quebrou, sem pesar, entre duas cidades e sempre te ajuda a reconectar. É quem você ensinou a andar de bicicleta e quem te ensinou a dividir. São as relações estabelecidas em paz. E é também aquela que...
ps. dá play ai que o título é dessa música que me dá vontade de morar dentro dela.