segunda-feira, abril 25, 2016

zona de segurança

Tem dias que acordo e sinto falta da gente. Sinto falta dos sorrisos, das frases desconexas, da falta de sentido, de resolver o mundo inteiro nas mesas dos bares da nossa cidade. Sinto falta de ter você a distância de um metrô depois de um dia cheio.

 Sinto falta dos vinhos no Urbe, dos discos acumulados, dos livros discutidos, das viagens programadas e ainda não feitas. Sinto falta de torcer por aquele seu amor antigo mesmo admitindo que é melhor assim. Falta as noites na sua casa ouvindo os últimos trinta vinis que você comprou na última viagem. E a sua visão prática que divide tudo em compartimentos e que eu tento tanto aprender.

 Sinto falta das cervejas no vão livre do MASP enquanto todos passam apressados na Avenida Paulista. E de como eu odiava te esperar e como você sempre me deixava esperando. Das viagens todas que acumulamos tantas histórias, das suas histórias todas que são tantas que é sempre capaz de divertir uma noite inteira. Dos churrascos na casa dos seus pais. Das músicas horríveis que só a gente gosta e das novelas que a gente discute. De quem você se tornou e da responsabilidade que combina tão bem com você.

 Sinto falta de você reclamando que o som tá alto, que eu não paro de digitar, que estou ouvindo a mesma música pela milésima vez e protegendo nossa vida quando achamos que seria possível pular de casa até a piscina do clube. Das tardes no shopping, do seu dom de encontrar as coisas que eu vou gostar e nem tinha notado. De quando minha mãe chegou com você em casa e eu te amei desde o primeiro berro. Mas também odiei quando você pegou mil vírus no meu computador porque aprendeu a baixar música.

 Saudades, meninas, de todas nós e nossos nós.