terça-feira, dezembro 12, 2006

DESISTIR DÓI MAIS

Que venha a mim os batalhões. As pessoas montadas na censura. As pessoas moldadas por todos os convencionalismos baratos que eu repugno. Pessoas que tem sempre um olhar cheio de medo. Pessoas que são felizes vivendo o nosso amanhã monótono, quando temos um hoje adolescente esperando aí fora para ser vivido.
Não pulo etapas, nem pescoços. Não coleciono corações partidos, porque o meu neste estado já vive de bom grado. Não sou nada demais para ninguém, e não me importo com isto. Sou demais para mim. Meu umbigo me consome, dá um trabalho danado olhar pra ele, pensar nele, escrever dele. Mas, quase nunca falar dele. Não gosto de falar de mim. Prefiro os outros.
É nos outros que vejo o olhar que eu tenho e nego. É nos outros que está a censura, que venho abafando em mim. É aonde ficam as maldades infinitas, é muito querer viver esta vida como se fosse a única?! É muito ter 17 e sair por aí experimentando sensações, gostos e sentimentos
Flerto com a vida, tentando conquista-la. Flerto, com o sol querendo te-lo para sempre. Flerto com a sombra, pedindo proteção eterna. Flerto com a brisa, pedindo pra ela bater no momento certo. Flerto, com você pensando no que poderia ser.
Seguro minha onda. Arrumo o passado e vivo um presente bom. Me sinto superior, por ter conseguido o que queria. Te olhar e dizer zero a zero, porque é assim que estamos. Ver você fazer piada, com ter ficado de mal e perceber que você tem mais noção de tempo do que eu. Pra mim, foi 1 ou 2 meses no máximo, mas você diz ter sido mais. Não marco o tempo, porque desde então nenhum dia tem sido igual o outro.
Desapaixonei por você e pela possibilidade de me apaixonar de novo. Ou melhor, arrumo paixões que duram o nascer do dia. Ocupar a cabeça vazia, medrosa, inquieta.
Ando nas ruas procurando alguma coisa que me falta. As vezes, acho que encontrei. Mas, quando tudo clareia foi só mais uma tarde*noite de alegria falsa. Olho nos olhos do mundo e procuro o olhar que faz diferença. Procuro as piadas que me fazem rir, mesmo que a muitos km de distância.
Passo momentos bons no msn, no ônibus, na vida.Só que momentos bons já não são suficientes. Não quero calma, não quero paz, não quero censura, não quero certezas, não quero vida estável, não quero minha mãe sempre enchendo meu precioso saco.
A calma me desespera, começo a viver num campo minado esperando a hora de tudo começar a dar errado, porque tudo dá errado sempre, é a lei da vida. Alguém já conseguiu ser feliz anos a fio?
A paz me leva a calma e a calma me desespera.
A censura me enfurece. Dá aquela vontade de sair por aí mordendo o mundo por querer me prender em convenções. Quero prisão suja, quero luta, quero dor e compaixão. Não, não quero compaixão. Quero viver, sem faixas pretas, sem pi's na tv, sem delay, sem pessoas chatas e certinhas demais.
As certezas me dão calma. E viver com calma, me acomoda. Não quero acomodar num emprego bom. Pagar toda a minha bela faculdade de jornalismo, para depois ter medo de abandonar o trabalho bom e voltar no tempo, como estagiarizinha escrava. A vida é feita de escolhas, e eu tenho medo das minhas. Eu sou, uma piada sem graça.
Minha mãe corta meus sonhos, diminui o meu passo, me prende no mundo dela, que eu acho horrível. Me mostra o quanto o dinheiro conta, o quanto ela precisa desesperadamente dele. O quanto a vida dela é chata, mostra como eu preciso fugir. Sair da minha cômoda casa, cômoda vida, cômodo quarto, cômodo dinheiro, cômodas músicas tocando num compasso rápido.
Estabilidade é uma certeza que me dá calma.
Enfia a calma no seu mundinho. Enfia a censura lá também. Enfia a estabilidade, doses de pessoas certinhas e se tem este teatro de arena que chamamos de vida.
Vamos todos parar de fingir que tá tudo bem?? Que não existe medo. Que não existe dor. Que não existe vergonha. Que não existe pudor. Que não existe hipocrisia.Viver dói. Pensar dói. Sentir saudades dói. Roubarem a vida de quem se ama, dói.
Mas, desistir dói mais.


Sessão parabéns aberta:
Acredito que um dia todo mundo encontra uma pessoa para amar e admirar incondicionalmente. Que não entre na roda a família. E eu encontrei cedo. Fizemos várias coisas juntas. Um técnico que as duas odiavam [tá, eu odiava mais, odiava também aquelas pessoas que viam aquilo como um bolo de chocolate, mané computador não é um bolo de chocolate]. Algumas festas. Primeiro porre, último dia em porto. E alguns depois deste. Você já me xingou, mas sacou que eu já tenho mãe e não preciso de outra, melhor ser minha amiga como só você sabe. Fomos para porto, você odiando tudo e querendo vinho sempre. E eu não ligando pra nada e querendo qualquer coisa sempre. Beber na praia no meio do nada, pensando em como tudo foi bom. Você me zoando eternamente, e me difamando com histórias da piscina. Bom gosto, cheia de cultura pop. Me ensinou tanta coisa, que poderia ficar o dia aqui enumerando. Mas, sei que é desnecessário porque nos duas sabemos o quanto tudo foi foda e vai continuar sendo. Ainda iremos muito praquela paulista, beber na augusta, ainda te levarei no sodoku pra te aguentar reclamando que é longe que não gosta de açaí e lalalala.
Puts, agora "de maior" vai jogar fora o rgzinho maroto que fizemos pra pegar pulseirinha no Motomix. haha! Claro que o meu tá melhor, e vou usar mais alguns meses :
Ouvindo ~ The Strokes