sábado, março 17, 2007

IMPREVISÍVEL

E eu que achava que quando chegassem os 18, iria sossegar, olhar pra trás e vê que já tinha passado a parte chata da vida. Com obrigações e limitações juvenis. Okay, eu realmente olho pra trás e vi que fui vivendo tudo muito rápido e as coisas que cada um passa com certa idade eu fui adiantando pelos anos.
Desde da depressão com 12 anos, por motivos que não vem ao caso, e o caso eu não quero alongar. Nunca achei nada daquilo legal. Até a fase 'rebelde' sem causa aos 13, eu e a sthe que brigávamos o tempo todo, porque éramos iguais demais pra deixar uma se sobressair. Melhorar daquilo que foi a fase mais complicada da minha vida e que hoje ao olhar pra trás vejo que foi a mais produtiva.
Daí teve a Astrid, nasceu a vontade e a certeza do jornalismo. Faria tudo para isto. Deixaria coisas para trás, enfrentaria minha família, ganharia mesmo que isto viesse com um emaranhado de perdas. Me confiarão um segredo que era completamente incapaz de absorver, entender e achar normal aos 15. Criei mais um dos meus princípios, escolher meus amigos pelo caráter, independente de cor, credo, classe social, opção sexual.Quando achei que pararia por ali, veio o cursinho e a vida no centro velho de São Paulo. Até os malabares que equilibrava brincando com se fosse minha vida. Amigos que perdi o contato, mas que não esqueço.
Eis que acontece mais um reviravolta, entro naquilo que achei seria só mais uma escola. Mas mudou minha vida, conceitos e me deu pessoas pra vida toda. Não importa se a eternidade passar sempre vou me alegrar pelas conquistas de cada pessoa dali. Cada um do seu jeito, sendo eles mesmos, me acrescentou alguma coisa. Nunca pude ser eu e só, como ali. Nunca encontrei ninguém pra dividir tanta vida, pra me conhecer tanto e que deixasse conhecer tanto como a gords.
Minha tia volta a ter câncer. E eis o maior tabu. Ficar 2 anos sem conseguir falar disto. Uma luta contra ou a favor da vida, um termo que se mistura e se limita. Não teria forças para segurar a mão dela se a força que tínhamos não viesse dela. Não conseguiria fazer piada e nem rir delas, se a caso elas não viessem dela. Nunca me senti tão frágil, impotente como no dia que ela me pediu ajuda e eu não pude dar. Até hoje tenho sérias dúvidas quanto ela não aparecer num final de semana como em todos que ela vinha, com a bolsa característica, ajudando várias pessoas, rindo e me dando o ovo de páscoa que mais sinto falta, porque era dela. E ela não volta. Chorar por perder ou por libertar desta vida alguém que não merecia sofrer por ela como acontecia. Não sei, realmente dói todas as lembranças deste tempo. Mas é neste tempo que me veio o meu maior sonho de vida. Antes de um carro, casa, um cara lindo. Quero ser útil, quero ajudar por não ter conseguido isto a ela. O técnico e passar o dia inteiro naquilo que era carinhosamente tratado como o 'inferno verde', tardes regadas a ligações que me preocupavam só de pensar no que poderiam ser, a história mais confusa, complicada, difícil que vi uma pessoa segurar com uma maturidade que não era dela, uma maturidade ímpar. Mesmo quando não podia fazer muita coisa, quando as palavras já eram inconvenientes sentia vontade de abraçar e falar que ia ficar tudo bem. Claro, que o técnico não foi só isto. Me mostrou que não vale a pena fazer uma coisa porque ela é a mais rentável, porque só se faz algo bem se há paixão. Mais certeza de que não importa o que vá acontecer daqui pra frente, mas vou me manter, viver, comer e respirar vendendo letras.
Fim do técnico. A revista e a escolha por fazer cursinho, ao invés de me infiltrar no mundo que será o meu sem conhecimento algum. Maturidade pra esperar o tempo das coisas ou medo de me despir tão cedo. O cursinho mais uma coisa ótima, pessoas que fazem toda a diferença. A Carol, que me mostrou que não adianta levar a vida com a barriga, porque ela é mais do que você pode empurrar. Coragem, pra largar uma das faculdades mais caras e conceituadas de São Paulo [fasm] pra correr atraz do sonho de ser uma artista plástica e eu sei que pode demorar, mas ela será uma ótima artista plástica.
Todos os medos do universo num finzinho de ano um tanto quanto conturbado. Me rendi as minhas vontades, deixei o convencionalismo de lado e fiz o que eu queria como queria. Não me arrependo, aliás de nada me arrependo. Não seria 1/3 do que sou hoje se cada uma destas coisinhas não tivessem acontecido.
Hoje, eu vejo meus 18 anos caminhando dia a dia para ser festejado. Mas sinto realmente medo do que será daqui para frente. Imprevisível.