try to see it my way*
Era uma garota acostumada a sonhar. Cresceu em volta dos livros. Leu todos os clássicos até os quinze. Acompanhou séries até os dezoito. Se apaixonou por música e por ele aos vinte. Sentiam que o mundo poderia parar enquanto conversavam naquele mesmo café de sempre. Almoçavam em um restaurante bonito quando queriam se ver e, em um outro, quando precisavam discutir, tinham o cuidado de separar as lembranças boas e ruins.
A certeza dela foi estremecida por um sonho. Alguém do passado a tirava do rumo, dentro de um trem eles partiam sem destino e então ela era beijada sem chances de recusa, mesmo que ela quisesse e, não queria. O beijo do sonho, foi tão real, tão estranho, tão forte. Foi tomada naquelas mãos que a tiveram uma vez, mas dessa vez tudo estava mais forte, mais simples. Ela esqueceu da música e de Jude. Acordou atormentada por um sonho.
Escolheu o restaurante da discussão e o contou do sonho, de como se portou em sua ausência, afinal Jude ficará envolto em suas próprias dúvidas durante os últimos onze meses. Lucy o havia aceitado, porque sentia falta de tudo que foi interrompido quando ele resolveu partir.
Diante do sonho, ela não sabia se era ilusão ou se esperava um segundo beijo real. Amava Jude como a música e os livros da sua infância, como cultivava sonhos, amava a simplicidade do seu olhar e como suas mãos conheciam os caminhos do seu corpo.
Entretanto, Lucy pergunta-se: poderia aquele sonho ser mais forte que a realidade?
* Beatles