quarta-feira, julho 14, 2010

sonho para dormir acordada

Sempre tive alguma coisa com os sonhos. Quando criança vivia neles, em um mundo paralelo cheio dessa coisa complexa demais para se resumir em uma palavra. Os anos se passaram, me vi entre o da padaria e o da psicologia, sempre adorando os dois. A diferença é que um me enche de culpa e e outro me isenta dela. Me sinto levemente traindo o movimento feminino quando como um sonho sem dó, me culpo por não sentir culpa e dessa forma, me sinto culpada. E nos sonhos, no reino encantando onde o meu subconsciente dá o tom, não conheço o significado dos limites, da moral, ignoro a existência da culpa.

Essa noite sonhei como se estivesse acordada. Me vi realizando os desejos reprimidos, era real porque provocou sensações e irreal porque o toque era imaginário. As palavras se fizeram em silêncio e eu senti as suas mãos na minha cintura. Pressa e calma, urgência e cumplicidade, extremos e diferentes. Você ali a espera de um sinal meu que dissesse sim ou não. Encostei meu corpo no seu, deitei minha cabeça no seu ombro, te concedi uma passagem para o pecado. E, então, sem mais delongas você me tomou para si. O jogo continuou com detalhes que não se revelam enquanto mudávamos entre risos o papel de caça e caçador. Sempre gostei do jeito que você me olha decidido a acabar com minha indiferença. Gosto do meu jeito de nunca te dizer nada ou de dizer te dando sempre o privilégio da dúvida. Nunca trocamos uma palavra se quer sobre o que existe para provocar essa tensão. No sonho, nesse momento cheio de detalhes que não se confessam, continuamos sem falar. Só aceitamos que o abraço não dura mais por acaso, que os olhares não se cruzam sem razão, que as ideias não batem por coincidência. Dividimos as águas e criamos um segredo.

Uma pena, era um sonho e agora percebo que preciso evitar... você.