domingo, janeiro 15, 2012

às vezes quero o improvável

Essa sensação de conforto. Essa sensação de paz. Essa sensação de falta. Conforto por caber dentro de mim. Paz por não me incomodar. Falta de alguém que não sei se existe. Alguém que não conheço. Alguém novo. Finalmente consigo olhar para o passado e não me incomodar com cheiros e ausências. Ninguém mais para voltar. Ninguém mais, que um dia esteve, cabe hoje dentro dos meus sonhos.

Uma tarde de domingo passando em pura preguiça. Sono, paz, calma e um tanto de solidão. Sentimentos que parecem fazer falta, finalmente, serem divididos. Não que me falte alguém o tempo todo, não consigo conceber o viver de alguém para mim e o meu para alguém. Falta só a companhia para um filme bobo no fim da tarde. Falta alguém para acordar cedo e ir no parque, andar de bicicleta, talvez correr, talvez fazer nada e apenas discutir Caetano. Falta um abraço para me acompanhar no sono do domingo a tarde.

Me bate a carência e logo em seguida me acompanha a realidade: as pessoas fazem muito barulho. Me perguntam, me reviram, me querem de formas que não posso me dar. O silêncio não é objetivo de conquista e, para mim, dois corpos que se desejam selam o agora com o silêncio compartilhado. Aquele que não incomoda, aquele de cantarolar uma música na estrada sem precisar falar com o outro, aquele que se atrai sem palavras. Aquele particular de cada um, de cada dois, de cada história escrita em uma página em branco de vida. Talvez, felicidade, venha a ser apenas o pequeno silêncio no contratempo da voz que gostaria de ouvir para mim, em mim.

Lá se foi mais um domingo. Dia de regar as plantas da garagem. Dia de me regar de coragem para a deixar vida voltar a simplesmente... fluir.


ps. o título é Registro - Luiza Possi.