mais alegria no meu jeito de me dar
Não ser por simplicidade, por qualquer coisa, para qualquer momento. Não ser tudo de uma vez só e reservar os detalhes ao mínimo do mistério. Admitir fraquezas e confessar vontades.Trocas mútuas de admiração e respeito. Fins de tarde olhando o mar regados por conversas silenciosas.
Me falta as poucas linhas acima e muita compreensão. Não me encontro mais nos assuntos que existiram. Não faço mais os mesmo planos. Não caibo mais nos mesmos espaços. Não encontro mais companhia na presença do meu passado. Estou mudando, mais uma vez, e ficando cada vez mais sozinha. Não bebo para esquentar, não bebo para esquecer, não bebo porque não me interessa lidar com o vazio e o incomodo da ressaca. Quero viver lúcida e conseguir enxergar graça nas pessoas sem trapacear, sem embriagar meus sentidos e sentimentos.
"Mais pureza, mais carinho, mais calma, mais alegria no meu jeito de me dar". Faz dias que tenho pensado nessa música, nas frases prontas, no violão dedilhado, na poesia que pode fazer folia e como tenho sentido só no meio da multidão. Ainda existem os meus amigos, os de sempre e os que vão e vem, os que cabem cada um em uma situação e os que são universais. Existem pessoas que me fazem pensar e eu tenho tentado evitar ao máximo o momento que pensar vai ser inevitável. É como o cara que pulou do carro em movimento, no filme bobo que assisti hoje, apenas para não enfrentar a conversa pós-separação. É fuga, nossas imensas e constantes fugas, essas que podem ser pular do carro em movimento ou evitar as pessoas que sabem exatamente como colocar em prova as minhas certezas, nesse momento, tão vazias.
De repente, me falta gente. Gente que cala e sorri. Gente que chora e fala. Gente que arde. Gente que grita. Gente que é gente na sua mais doce complexidade. Gente que é bicho no amor pelas coisas todas. Gente que enxerga. Gente que se envolve. Gente que é como gato e se acostuma. Gente que é como cachorro e se apaixona. Gente que é vida. Gente que separa as coisas, que consegue me levar de forma mansa, que me faz querer parar os minutos antes que eles se tornem horas e me tirem o tempo. Me falta gente de verdade. Me falta um querer genuíno qualquer que me envolva em um fim de tarde. Me falta... e agora consigo admitir.
ps. a música, o título e a vida por Sonhos na voz do Caê.
quarta-feira, maio 30, 2012
segunda-feira, maio 14, 2012
Meio tudo e nada inteiro
O que existe depois do lugar em que já estive? O que está escrito no livro que ainda não li? O que filmou o meu diretor favorito no filme que ainda não vi? O que escreveu um compositor que eu admiro e o que ele guardou nas entrelinhas da melodia? Quais foram as músicas que nunca ouvi? Quais são as pessoas que ainda não conheci? Quantas serão as experiências que ainda não tive? Como acorda alguém com quem nunca dormi? A interminável e angustiante busca pelo desconhecido.
Sou doce e sou muitas. Sou variante e invariável. Ao contrário das aparências tenho a meu favor uma rotina. Por segurança, me prendo ao que é só meu, ao que consigo preservar simples. Do chá de toda noite a ler a timeline inteira antes de levantar.
Me fascina o desconhecido. Esse que só se conhece uma vez e que em seguida se renova. E como é difícil encontrar algo que se renove saindo do mesmo. Consigo isso com filmes e encontro isso na música. São as únicas duas fontes de desconhecido, que para mim, nunca secam.
Sempre responsabilizo os astros pela minha incoerência. Sol em áries, ascendente em escorpião e lua em gêmeos. Mas, dos responsáveis meus, encontro a variável de tantos outros. Vivemos presos ao desconhecido. Guardamos livros que nunca lemos na esperança de encontrar novas respostas. Nos iludimos na desesperança de encontrar um com a justificativa de que existem seis bilhões de pessoas diferentes infinitas em suas particularidades.
O que me irrita no conhecido se explica com a necessidade inconsciente de desconhecer. Como uma praga da atualidade: tudo tão rápido, tudo tão intenso, tudo tão agora que para pensarmos em algo para daqui algum tempo precisa ser concreto. Tenho planos no trabalho e pretendo coisas matérias no futuro. Mas, de tanto depois, negligencio o agora de forma rasa. Vivo na superfície de um tempo que deveria ser aqui. Mas, de tudo, o que mais me falta é o que me sustenta e por isso sigo meio bamba, meio mambembe. Meio Chico, meio Caetano, meio Radiohead, meio Caio Fernando Abreu, meio Clarice Lispector, meio Woody Allen, meio Hitchcock, meio tudo e nada inteiro.
O que existe depois do lugar em que já estive? O que está escrito no livro que ainda não li? O que filmou o meu diretor favorito no filme que ainda não vi? O que escreveu um compositor que eu admiro e o que ele guardou nas entrelinhas da melodia? Quais foram as músicas que nunca ouvi? Quais são as pessoas que ainda não conheci? Quantas serão as experiências que ainda não tive? Como acorda alguém com quem nunca dormi? A interminável e angustiante busca pelo desconhecido.
Sou doce e sou muitas. Sou variante e invariável. Ao contrário das aparências tenho a meu favor uma rotina. Por segurança, me prendo ao que é só meu, ao que consigo preservar simples. Do chá de toda noite a ler a timeline inteira antes de levantar.
Me fascina o desconhecido. Esse que só se conhece uma vez e que em seguida se renova. E como é difícil encontrar algo que se renove saindo do mesmo. Consigo isso com filmes e encontro isso na música. São as únicas duas fontes de desconhecido, que para mim, nunca secam.
Sempre responsabilizo os astros pela minha incoerência. Sol em áries, ascendente em escorpião e lua em gêmeos. Mas, dos responsáveis meus, encontro a variável de tantos outros. Vivemos presos ao desconhecido. Guardamos livros que nunca lemos na esperança de encontrar novas respostas. Nos iludimos na desesperança de encontrar um com a justificativa de que existem seis bilhões de pessoas diferentes infinitas em suas particularidades.
O que me irrita no conhecido se explica com a necessidade inconsciente de desconhecer. Como uma praga da atualidade: tudo tão rápido, tudo tão intenso, tudo tão agora que para pensarmos em algo para daqui algum tempo precisa ser concreto. Tenho planos no trabalho e pretendo coisas matérias no futuro. Mas, de tanto depois, negligencio o agora de forma rasa. Vivo na superfície de um tempo que deveria ser aqui. Mas, de tudo, o que mais me falta é o que me sustenta e por isso sigo meio bamba, meio mambembe. Meio Chico, meio Caetano, meio Radiohead, meio Caio Fernando Abreu, meio Clarice Lispector, meio Woody Allen, meio Hitchcock, meio tudo e nada inteiro.
terça-feira, maio 01, 2012
Museu de tudo
Quase uma coleção de marcas. Uma coleção de passado, de permissões, de intromissões, de gente que entra sem pedir licença, de gente que entra de forma mansa, de gente que invade todas as certezas e transforma a vida em dúvidas. Um museu de ilusões. Um museu de crenças que mais eram fé do que verdade. Acho que é isso, nos iludimos na esperança de ser, na esperança do outro não ser apenas a projeção do que nós esperamos de alguém, na esperança da cumplicidade existir na tarde fria em uma cena completa de alegria e paz. Esperamos companhia para existir, para ser, para continuar. Conhecemos alguém e projetamos vontades. Estamos tão profundamente presos ao que nos falta que fazemos planos, criamos frases, idealizamos gestos. Do presente seguimos direto ao fim, calculamos formas, esquecemos de sentir o gosto de um agora que pode durar um dia ou uma vida.
Vivemos nos desiludindo, é verdade, porque pura e simplesmente vivemos a nos iludir.
São os filmes, as músicas, são os românticos. São e somos o combustível para continuarmos sonhando já que "somos feito das mesma matéria que são feito os sonhos". Por (falta de) opção aceito a ilusão e faço da desilusão o meu passaporte para começar de novo.
O meu único pesar é a forma como deixo você voltar a ser igual. Acredito por um momento que vai ser diferente até notar que você sempre foi apenas a projeção do que jamais seria. Nesse eterno retorno, uma vez por ano, você na minha vida.
"os magnetismos das pessoas cruzam-se e descruzam-se, acho, meio que aleatoriamente, por algum tempo, por nenhum tempo, por muito tempo. é mais complexo que isso, mas anyway: não deve doer. e não deve porque no fundo não tem importância, como todo o resto. é puro maya, ilusão".
Caio Fernando Abreu, por acaso, no livro que passei o dia lendo.
Quase uma coleção de marcas. Uma coleção de passado, de permissões, de intromissões, de gente que entra sem pedir licença, de gente que entra de forma mansa, de gente que invade todas as certezas e transforma a vida em dúvidas. Um museu de ilusões. Um museu de crenças que mais eram fé do que verdade. Acho que é isso, nos iludimos na esperança de ser, na esperança do outro não ser apenas a projeção do que nós esperamos de alguém, na esperança da cumplicidade existir na tarde fria em uma cena completa de alegria e paz. Esperamos companhia para existir, para ser, para continuar. Conhecemos alguém e projetamos vontades. Estamos tão profundamente presos ao que nos falta que fazemos planos, criamos frases, idealizamos gestos. Do presente seguimos direto ao fim, calculamos formas, esquecemos de sentir o gosto de um agora que pode durar um dia ou uma vida.
Vivemos nos desiludindo, é verdade, porque pura e simplesmente vivemos a nos iludir.
São os filmes, as músicas, são os românticos. São e somos o combustível para continuarmos sonhando já que "somos feito das mesma matéria que são feito os sonhos". Por (falta de) opção aceito a ilusão e faço da desilusão o meu passaporte para começar de novo.
O meu único pesar é a forma como deixo você voltar a ser igual. Acredito por um momento que vai ser diferente até notar que você sempre foi apenas a projeção do que jamais seria. Nesse eterno retorno, uma vez por ano, você na minha vida.
"os magnetismos das pessoas cruzam-se e descruzam-se, acho, meio que aleatoriamente, por algum tempo, por nenhum tempo, por muito tempo. é mais complexo que isso, mas anyway: não deve doer. e não deve porque no fundo não tem importância, como todo o resto. é puro maya, ilusão".
Caio Fernando Abreu, por acaso, no livro que passei o dia lendo.
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