on my way to heaven
Agora voltar pra casa é seguir o caminho contrário. A cada vinda tudo parece ter realmente tomado uma forma ainda melhor. Por certo, escolher amigos é uma arte que domino, pessoas de almas encantadoras e sorrisos fáceis. Da família, a falta de rotina conserva apenas a leveza e o carinho de encontros.
São Paulo já não me desgasta tanto quanto antes porque eu já não me gasto assim. Não admito cobranças, sigo livre porque é a liberdade que me prende. Deixo ir tudo que quero que fique para que ficar seja uma opção e uma escolha. Sigo livre para que ficar seja também uma opção e uma escolha. Passei tempo demais gastando energia correndo pela vida, consumindo noites, gastando dias e desperdiçando tempo ao confundir prazer com felicidade.
Não existe desconhecido maior do que o que não vemos de nós mesmos. E, por vazio, tentava encher a vida com tudo. Sempre o máximo. Grande, alto e desafiador. Aceitava as expectativas de qualquer um só pra não ter que ouvir as minhas. Era mais fácil caber na história de alguém do que admitir que não sabia verdadeiramente o que queria fazer com a minha.
Inconscientemente, peguei uma estrada de mão única, medida por uma unidade desconhecida, nem passos ou quilômetros. Encarei uma porção de medos. Fiquei sozinha e no silêncio escutei diversas vozes. Com paciência, aprendi a lidar com meus fantasmas. Entendi que o ciúmes era só fruto da minha insegurança. A minha insegurança era fruto da falta de autoconfiança. Já a falta de autoconfiança era fruto de me desconhecer, pro bem e pro mal. Pro bom e pro ruim.
Agora, parece que é mais simples contemplar dias felizes. Eles tem algumas pessoas, dias na praia, uma trilha nova, sorriso de desconhecidos ou conhecidos nas ruas, encontros e alguns desencontros também. Porque, sim, como diria, Clarice, "perder-se também é caminho", nessa estrada de mão única, tenho evito as bifurcações. Sigo por onde e por quem segura algumas lanternas. Que os dias sejam doces e iluminados com mais verão e mais Ridijaneiro.