quarta-feira, fevereiro 21, 2007

GRANDES E GORDOS


Cada dia mais difícil olhar uma tela em branco. Seguir meu teclado já meio apagado pelo vício e pelo teclar insistente e continuo, no qual já é desnecessário procurar letras, é tarefa continua. Tenho habilidade o suficiente para digitar sem olhar com 10 dedos numa rapidez que me assusta, não por ser exorbitante, mas por ser de uma prática ímpar. Penso em quanta vida passou por este teclado, em quantas palavras preguei nesta tela em branco tantas vezes companheira. Mas, que agora me denuncia. Denuncia que eu tô ficando velha, que já não sou tão adolescente assim, já tenho responsabilidades, tenho promessa de profissão. Pensar, procurar, escrever, investigar, informar, estudar. Tudo isto me é querido de uma maneira imprescindível. Não sei viver sem, mas não sei viver sem a minha irresponsabilidade com as palavras. Sem clichês de um mundo regado a métodos, a guias, a manuais. Preciso ir por este que é o caminho mais fácil embora mais longo. Uma faculdade, um estágio num lugar que provavelmente não terei orgulho eterno, mais tarde um emprego, mais um, outro, agora com o que eu sonhei quem sabe. E quando o que eu sonhei não fizer mais sentido!? E quando o sentido do sonho se esvair dos meus pensamentos?! Estou fadada a ser uma chata jornalista que bebe as verdades que gostaria de gritar, mas o manual, a linha editorial, o medo, a própria vida a impedi? Serei eu mais uma!? Sempre quis ganhar dinheiro vendendo palavras. Este é o caminho?!Dúvidas que deveriam ter sido assopradas para longe quando entrei na faculdade. Mas não, este foi só o passo mais fácil. Agora chegou a vida real. Me bate a real, eu não sou filha de ninguém influente. Nem tão pouco conheço alguém assim. Não sou modelo de beleza e nem beleza de modelo. Não tenho grandes feitos e nem pequenos. Não tenho feito nenhum. Nem feito, nem desfeito. Não abracei uma grande causa, não colei um grande causo. Não tive sortes exorbitantes...
Tenho a mim, a um teclado já desbotado, a professores críticos, a minha crítica interna que teima em ser a maior de todas. Dúvidas, incertezas, medos, grandes e gordos medos.