SEM PLANOS
O tempo que deixei isto ao relento quase simula um abandono. Mas não é bem este o mal que me afastou daqui. O abandono não caracteriza parte alguma da minha vida, embora sinta as vezes que esta é a saída mais fácil. Acordar amanhã e procurar vida nova. Fugir das minhas confusões. Esconder sentimentos. Encontrar verdades que teimo em inventar. Viver o figurado da vida.
Seguir o teu conselho. O teu cheiro. Dedilhar o seu cabelo. Olhar seus olhos que me dizem mais do que as minhas palavras são capazes de reproduzir. Talvez a minha capacidade de transformar sentimento em palavras esteja se perdendo. E falar fique cada vez mais difícil, enquanto a minha pequena capacidade não se esvai. Olho para trás e não me arrependo de nada. Não deixo cada segundo escapar da minha memória. Sinto falta do seu beijo, de tocar sua pele, da nossa cumplicidade precisa e imprescindível. O daqui para frente pode ser diferente. Mas o daqui para trás me dá forças, para seguir em frente vivendo de momentos bons e pronto. Sem planos...