segunda-feira, fevereiro 26, 2007

SOU SÓ


Quando meus olhos dão sinais de fadiga. Penso, que já cansei de ver o mundo deste jeito. Preciso começar a mudar o mundo. Dar novo colorido a vida pra tirar o ar cansado e vermelho dos meus olhos. Acho que eles estão tão cansados quanto eu. Somos iguais em graus diferentes, uma metonimia mal comportada. Uma peça mal combinada. Um texto improvisado por pessoas sem talento. Comédia feita por deprimidos.
Sou o contorcionista do circo brincando com o tecido. Pego os retalhos da vida e monto meu tecido. Subo nele e fico me revirando, tentando fazer bonito. Sem nada entender.
Talvez, seja o elefante grande e gordo, que lembra o primeiro filme que chorei quando era criança.
Ou ainda, 'os miseráveis' primeiro livro que me levou as lágrimas. Jean Valjean que me vem a memória agora em nome. Me foge a história. Lembro das lágrimas, de como chorei e do quanto doía de algum jeito estranho aquele livrinho de capa vermelha que peguei meio sem querer.
O filme que mais gosto e todos os outros que assisti querendo ver mais uma vez. Os diretores que filmam do jeito queria ver. Os roteiristas que escrevem o que eu queria viver. Os atores que dão vida ao que queria ser. O compositor que escreve minhas desgraças. O cantor que desnuda num palco a minha vida. Os shows que perdi, os que vi e os que verei.
Aquilo que admiro e deixei em retalhos no passado ou corto num presente bom.
As minhas saudades, dores, angústias, medos que não revelo pra ninguém.
Alguém que queria encontrar pra dividir tudo. Rir e falar sério com a mesma naturalidade. Sem acumular dúvidas nem esconder verdades que teimam em aparecer a cada respirar fundo.
Os amigos que deixei para trás, os que tenho, os que terei num futuro próximo.
Talvez, seja aquilo que ninguém vê numa simplicidade muda e só. Só é assim, sou só.