terça-feira, março 20, 2007

MUDANÇA

Eu gosto de um monte de gente, de um monte de coisas, de um monte de mim que nem sei que existe mas está pregado em outros por aí que respiram sem me pedir permissão. Queria poder controlar todos os passos do mundo, todas as cores, as mudanças drásticas de vida e de pensar. Mas não, não consigo. As mudanças se dão todas, a todo o tempo, sem me pedir permissão.
Vou deixando de gostar de pessoas sem notar e de repente aquilo que era o máximo até 15 minutos atrás aparece cheio de defeitinhos tolos que não notei antes.
É o meu problema. O problema de ter que admirar as pessoas para que dê a ela a ‘honra’ de gozar da minha amizade estranha. Não é uma admiração regrada, muito pelo contrário, acho certas coisas importantes em uns e completamente dispensáveis noutros. Particularidades de pessoas normais que a meu ver, tem que ser respeitada. Até quando as pessoas não se respeitam. Quando personalidade ou o que quer que se assemelhe a isto fica em segundo plano em relação a uma aparência perfeita.
Uma coisa importante para quem quer ser meu amigo ou é, e por um motivo qualquer não sabe. Eu me permito mudar, sim, em todos os sentidos. Acho que a mudança é uma etapa necessária para o crescimento. É o ciclo da borboleta e eu não sou apegada a borboletas. Então sim, é natural me ver mudando o discurso sobre terminada coisa. E mudar o discurso quer dizer que se eu tinha argumentos importantes e fortes para não gostar eles continuaram importantes e fortes caso passe a gostar e vice-versa.
Quem se define se limita, e quem se limita se prende num emaranhado de convenções que só atrasam a vida e o pensamento.


PS: sem pc, postando do laboratório da faculdade porque tô sufocando e escrever sempre alivia.muá!vamos ao teatro?!
SERÁ?

To sufocando e não sei ao certo o que parece segurar meu pescoço com uma força incrível. São medos que não consigo enxergar. São verdades que teimo em inventar a todo tempo. São amigos novos entrando em choque com meu passado. Coisas que não saberia como colocar em palavras ou que em palavras soariam diferentes do que são e neste momento não quero correr certos riscos.
Deitada na rede num domingo à tarde, a vida começa a parecer estranha. Minha pouca idade me deixa ver coisas que talvez sejam mais complicadas para quem se gaba da maturidade do passar dos anos. Meu olhar adolescente complexo e sempre complicando a tudo dá lugar a uma maneira clara e objetiva de ver o mundo.

Não sei .
Ainda, estou sufocando e agora sou uma sufocada atrasada. Correndo pra aula da Meg, vendo que to vários textos atrasadas do blog da Tati Bernardi. Que a Clarah mais uma vez usou uma frase que se tivesse tanta capacidade que ela tem de pensar em frases boas e marcantes teria pensado. “Eu sempre corro atrás do meu azar. E eu já estou atrasada."
Será que é isto?!
Será que estou correndo atrás do meu azar, será??

É. Agora que já estou bem atrasada.

FUI.

E vamos ao teatro?!
Sábado e domingo, tem duas peças legais em cartaz no centro cultural são paulo e ainda no domingo tem show da zélia duncan no pq. Central.
Amigos dos velhos tempos e o vinho do presente.

sábado, março 17, 2007

IMPREVISÍVEL

E eu que achava que quando chegassem os 18, iria sossegar, olhar pra trás e vê que já tinha passado a parte chata da vida. Com obrigações e limitações juvenis. Okay, eu realmente olho pra trás e vi que fui vivendo tudo muito rápido e as coisas que cada um passa com certa idade eu fui adiantando pelos anos.
Desde da depressão com 12 anos, por motivos que não vem ao caso, e o caso eu não quero alongar. Nunca achei nada daquilo legal. Até a fase 'rebelde' sem causa aos 13, eu e a sthe que brigávamos o tempo todo, porque éramos iguais demais pra deixar uma se sobressair. Melhorar daquilo que foi a fase mais complicada da minha vida e que hoje ao olhar pra trás vejo que foi a mais produtiva.
Daí teve a Astrid, nasceu a vontade e a certeza do jornalismo. Faria tudo para isto. Deixaria coisas para trás, enfrentaria minha família, ganharia mesmo que isto viesse com um emaranhado de perdas. Me confiarão um segredo que era completamente incapaz de absorver, entender e achar normal aos 15. Criei mais um dos meus princípios, escolher meus amigos pelo caráter, independente de cor, credo, classe social, opção sexual.Quando achei que pararia por ali, veio o cursinho e a vida no centro velho de São Paulo. Até os malabares que equilibrava brincando com se fosse minha vida. Amigos que perdi o contato, mas que não esqueço.
Eis que acontece mais um reviravolta, entro naquilo que achei seria só mais uma escola. Mas mudou minha vida, conceitos e me deu pessoas pra vida toda. Não importa se a eternidade passar sempre vou me alegrar pelas conquistas de cada pessoa dali. Cada um do seu jeito, sendo eles mesmos, me acrescentou alguma coisa. Nunca pude ser eu e só, como ali. Nunca encontrei ninguém pra dividir tanta vida, pra me conhecer tanto e que deixasse conhecer tanto como a gords.
Minha tia volta a ter câncer. E eis o maior tabu. Ficar 2 anos sem conseguir falar disto. Uma luta contra ou a favor da vida, um termo que se mistura e se limita. Não teria forças para segurar a mão dela se a força que tínhamos não viesse dela. Não conseguiria fazer piada e nem rir delas, se a caso elas não viessem dela. Nunca me senti tão frágil, impotente como no dia que ela me pediu ajuda e eu não pude dar. Até hoje tenho sérias dúvidas quanto ela não aparecer num final de semana como em todos que ela vinha, com a bolsa característica, ajudando várias pessoas, rindo e me dando o ovo de páscoa que mais sinto falta, porque era dela. E ela não volta. Chorar por perder ou por libertar desta vida alguém que não merecia sofrer por ela como acontecia. Não sei, realmente dói todas as lembranças deste tempo. Mas é neste tempo que me veio o meu maior sonho de vida. Antes de um carro, casa, um cara lindo. Quero ser útil, quero ajudar por não ter conseguido isto a ela. O técnico e passar o dia inteiro naquilo que era carinhosamente tratado como o 'inferno verde', tardes regadas a ligações que me preocupavam só de pensar no que poderiam ser, a história mais confusa, complicada, difícil que vi uma pessoa segurar com uma maturidade que não era dela, uma maturidade ímpar. Mesmo quando não podia fazer muita coisa, quando as palavras já eram inconvenientes sentia vontade de abraçar e falar que ia ficar tudo bem. Claro, que o técnico não foi só isto. Me mostrou que não vale a pena fazer uma coisa porque ela é a mais rentável, porque só se faz algo bem se há paixão. Mais certeza de que não importa o que vá acontecer daqui pra frente, mas vou me manter, viver, comer e respirar vendendo letras.
Fim do técnico. A revista e a escolha por fazer cursinho, ao invés de me infiltrar no mundo que será o meu sem conhecimento algum. Maturidade pra esperar o tempo das coisas ou medo de me despir tão cedo. O cursinho mais uma coisa ótima, pessoas que fazem toda a diferença. A Carol, que me mostrou que não adianta levar a vida com a barriga, porque ela é mais do que você pode empurrar. Coragem, pra largar uma das faculdades mais caras e conceituadas de São Paulo [fasm] pra correr atraz do sonho de ser uma artista plástica e eu sei que pode demorar, mas ela será uma ótima artista plástica.
Todos os medos do universo num finzinho de ano um tanto quanto conturbado. Me rendi as minhas vontades, deixei o convencionalismo de lado e fiz o que eu queria como queria. Não me arrependo, aliás de nada me arrependo. Não seria 1/3 do que sou hoje se cada uma destas coisinhas não tivessem acontecido.
Hoje, eu vejo meus 18 anos caminhando dia a dia para ser festejado. Mas sinto realmente medo do que será daqui para frente. Imprevisível.

segunda-feira, março 12, 2007

CADA UM POR SI


Perdedores, que não são o que parecem ser. É mais ou menos por aí que caminha parte da humanidade. Vivemos num teatro de arena, sendo moldados e instigados e se chocar com determinadas coisas, a ficar feliz com outras, a se curvar e chorar ao ritmo de uma música descompassada.
As pessoas já não se chocam mais. Passou o tempo onde crianças só matavam aula. Onde podíamos andar num parque sem se preocupar com bala perdida a não ser as que deixávamos cair. No qual saímos de casa do jeito que queríamos sem se preocupar com alguém gostar muito do seu tênis e esquecer de pedir.
Já não importa o que você fez se sua conta bancária não responde a altura. Os nossos idosos, aqueles que lutaram contra a censura, estão à margem da sociedade vivendo com dois salários mínimos dado por uma previdência social lenta e deficitária. Não existe senso comum, o comum é o eu.
Pois é, cada um por si e Deus por todos.
O QUE ERA EU


Éramos quatro sem saber como chegamos a este ponto. Sabíamos que éramos quatro e que era indissociável nossa ligação. Tínhamos uns aos outros que nem feijão com arroz. Problemas, diferenças, risos, bebidas. Amizade em estado sólido protegido por uma parede verde. Era o colégio e a segurança de uma vida regrada. O colégio começa a ruir e junto com ele, este laço que a gente achava ser forte. Amizade é mais do que risadas embriagadas, mais do que coragem que um dá ao outro num respirar, mais do que carinho que a gente dispensa em dias de verão.Não era mais o verão, e o inverno começava a apontar um lugar desconhecido. Um novo mundo, sem paredes verdes, sem o sentimento de proteção que deu lugar a uma insegurança solitária. Já não éramos quatro. Cada um por si tentando salvar o que ainda ficou do quarteto que formávamos. Os dias que seguem rolam num emaranhado de lembranças boas que você vai preenchendo por pessoas novas. Por lugares novos até perceber que não era só um quarteto, eram os amigos que você tinha e agora andam como você numa solidão triste e adulta.

segunda-feira, março 05, 2007

LIBERDADE

Eu perdi a inspiração junto com o juízo e minha mania de fazer as coisas certinhas. Não que eu tenha sido certinha muito tempo da minha vida, mas querer fazer as coisas certinhas eu sempre quis. Conversei com todos meus ex, mesmo quando queria cortar devagar e dolorosamente aqueles rostos que tanto gostei de apreciar. Falei com meus amigos mesmo quando queria ficar sozinha. Ajudei mesmo quando precisava de ajuda. Gritei quando trataram mal uma velhinha. fui semanalmente a casa de uma senhora que nada é minha, mas que eu considero como parte de mim. tive conversas sobre o passado mesmo não tendo participado dele. chorei quando me tiraram um pedaço da minha vida, quando o "nunca mais" fez todo o sentido.
Sinto falta da minha pureza juvenil. Do meus modos tolos, de olhares, gostos, cheiros, sorrisos. Os meus sorrisos, os que dava e recebia sem pedir. A verdade dura e crua que eu saía por aí grudando nas paredes sem pensar. As paredes que me seguravam, enquanto eu sentava agarrada aos meus joelhos tentando proteger alguma coisa que ainda tento descobrir.
O exagero é comum da minha pouca idade e da passionalidade que vivo. Sinto tudo exageradamente estranho. As minhas vontades me são estranhas, os meus medos me são estranhos, o seu olhar me é estranho. Não encontro seus olhos quando te olho, acho que vejo além deles. Vejo seus medos mais escondidos e que eu não seria indelicada o suficiente para revelar. Vejo o seu sorriso mais perfeito que não seria indelicada em pedir. Vejo a tua vida mais escondida que não seria indelicada em pedir para tirar o véu. Vejo seus amigos e tudo que de bom e ruim que eles te deram, mas não seria indelicada em pedir dossiê de contribuição. Vejo seus olhos fugindo dos meus. Um jogo sem grandes vencedores. Olhos, mãos, sorrisos, medos, verdades, inverdades, você e eu, sem formar o nós.
Obrigada por ser o que é e por estar ainda aqui...
Sem fugas, porque acima de tudo temos a nossa amizade. E se a base clichê não for demais: "a nossa liberdade é o que nós une".