domingo, janeiro 29, 2012

soon we'll be found

Já faz um tempo que ando cansada. Sedes afetivas insaciáveis, como diria Caio Fernando Abreu, buscas infinitas como diria eu mesma. Mas, por aceitar que existem coisas que não se saciam e me encantar a longa jornada da busca, tenho procurado conhecer dentro de mim. Sentir e criar a vida de dentro para fora. No caminho consegui fazer com o que é superficial quase não me atinja mais e assim liberei espaço para deixar importar as coisas que realmente importam. Quero mais sorrisos verdadeiros, quero os meus amigos sempre por perto, quero mais ideias e um punhado grande de ideais, quero abraços, quero encontros de um minuto que parecem valer a eternidade, quero intensidade e calma.

Quero uma ligação no fim do dia. Um convite para ver um filme bobo no sábado a tarde enquanto a vida corre lá fora, mesmo que seja sábado, mesmo que o sol esteja convidando para rua, só porque mais vale ficarmos quietinhos criando nossos segredos. Quero companhia para o domingo no parque mesmo que o dia esteja nublado. Quero inverter a ordem e ignorar as expectativas. Quero cumplicidade acima de tudo.

Da arte do encontro faz tanto tempo que só tenho esbarrado com desencontros. Cansada. Cansada de ver as coisas não acontecerem por uma série de questões que estão fincados em medos adquiridos. Quantos erros até encontrar quem te aconchega em paz? Alguém traído adquiri dificuldade de confiar. Alguém incompreendido desconfia se encontra compreensão. Alguém subjugado não entende quando começa a ser considerado. É como atuar, é como levar por alguns dias, talvez meses, os trejeitos pequenos do seu personagem, pequenas manias que se transmitem do irreal para o real. Vivemos como personagens e seguimos reféns deles. Parece sempre que todos estão machucados a procura de uma novidade para curar as dores e projetar os mesmos erros e acertos. Frustante...

Eu só quero alguém novo, pronto para viver, pronto para arriscar, pronto para ser o que for pelo espaço de tempo que existir e fim.



ps. o título é Sia, esse clipe e essa música são lindos, clicaqui.

domingo, janeiro 22, 2012

Edge of Desire

É como se você tivesse esbarrado na rua comigo uma vez e eu nunca mais tivesse te visto. Não soubesse seu nome, seus gostos, sua voz. Como se o mistério te fizesse ser maior do que todas as verdades que me contam. Apenas sonhar tem me levado para perto de você e eu queria sentir o toque dos corpos. Queria um café no fim da tarde. Companhia no fim de semana. Queria ter em você meu refúgio.

Sabe quando você sente que a vida te deu como presente um encontro de almas que se repelem no campo físico? Almas que se encaixariam com vidas que andam em paralelo e não se cruzam. Gostos, gestos, crenças, vontades, preguiças e sons parecidos. Mas, diferente dos sonhos, temos que conviver com a realidade de tantas marcas, de tanto passado, de tanta coisa em jogo. Um milhão de fatores que repelem o encontro. Um milhão de coisas que me fazem ter medo de descobrir que pode vir a ser você... você, a melhor companhia pros meus dias.


Vai, John Mayer!

terça-feira, janeiro 17, 2012

Agonia e calma

O dia inteiro transitando entre um enorme universo de estados de espírito. A alegria de dividir minhas horas com amigos que o trabalho me deu. O tédio vindo do marasmo dos dias parecerem iguais. A falta que faz um lugar para voltar. Um sorriso para esperar. Um abraço para acordar. Um número para ligar mesmo que só para ouvir a respiração, mesmo que só para ouvir o silêncio vindo da falta do que dizer. A falta da vontade de voltar a ver depois de dois minutos desde a despedida. Agonia e calma. Calma de encontrar paz na alma de um outro com quem escolhemos ser luz. Agonia de saber que tudo é passageiro. No instante seguinte, no dia seguinte, no momento seguinte a vida pode simplesmente deixar de encaixar. O sorriso pode incomodar. O sono pode faltar. A madrugada pode me chamar em agonia, me fazendo perseguir letras, encontrar melodias. A falta me impulsiona a escrever. A falta me impulsiona a encontrar poesia no cotidiano. A falta me deixa aflita.

"Tudo é passageiro. Agonia e calma. O amor é o que transforma os dois extremos em viáveis". É isso, mais amor, por favor.

domingo, janeiro 15, 2012

às vezes quero o improvável

Essa sensação de conforto. Essa sensação de paz. Essa sensação de falta. Conforto por caber dentro de mim. Paz por não me incomodar. Falta de alguém que não sei se existe. Alguém que não conheço. Alguém novo. Finalmente consigo olhar para o passado e não me incomodar com cheiros e ausências. Ninguém mais para voltar. Ninguém mais, que um dia esteve, cabe hoje dentro dos meus sonhos.

Uma tarde de domingo passando em pura preguiça. Sono, paz, calma e um tanto de solidão. Sentimentos que parecem fazer falta, finalmente, serem divididos. Não que me falte alguém o tempo todo, não consigo conceber o viver de alguém para mim e o meu para alguém. Falta só a companhia para um filme bobo no fim da tarde. Falta alguém para acordar cedo e ir no parque, andar de bicicleta, talvez correr, talvez fazer nada e apenas discutir Caetano. Falta um abraço para me acompanhar no sono do domingo a tarde.

Me bate a carência e logo em seguida me acompanha a realidade: as pessoas fazem muito barulho. Me perguntam, me reviram, me querem de formas que não posso me dar. O silêncio não é objetivo de conquista e, para mim, dois corpos que se desejam selam o agora com o silêncio compartilhado. Aquele que não incomoda, aquele de cantarolar uma música na estrada sem precisar falar com o outro, aquele que se atrai sem palavras. Aquele particular de cada um, de cada dois, de cada história escrita em uma página em branco de vida. Talvez, felicidade, venha a ser apenas o pequeno silêncio no contratempo da voz que gostaria de ouvir para mim, em mim.

Lá se foi mais um domingo. Dia de regar as plantas da garagem. Dia de me regar de coragem para a deixar vida voltar a simplesmente... fluir.


ps. o título é Registro - Luiza Possi.

quarta-feira, janeiro 04, 2012

my tried and true way to deal was to vanish

Parece que me perdi. Não consigo mais me reconhecer de tantas formas como me via antes. Tem horas que falta ar e o corpo estremesse. Tem horas que a vida chega ao limite e eu preciso tirar as últimas gotas para não transbordar. Me pego pensando em milhares de possibilidades e nenhuma delas parece ser verdadeira. Não dá para escolher um caminho sem saber onde quer chegar. A rotina parece andar círculos dentro da inércia em que tudo se transformou.

Tem dias que sinto a sua falta. Que leio os meus textos antigos cheios de você. Pego os CDs que gravei e nunca te entreguei. Os bilhetes que se acumularam. Os sonhos que se contaram. Os segredos divididos. Revisito o lugar que você habitou e só encontro o vazio. Na verdade, depois de tanto tempo, consigo ver que você era realmente só a projeção do que eu queria pra mim. Aprendi que não devemos projetar, esperar ou entregar a ninguém a dura tarefa de termos momentos de felicidade.

Foi um ano conturbado. Ganhei, perdi, gostei, fui gostada, construí coisas novas, assisti shows especiais. Foi um ano cheio de vida. Foi mais um ano sem você ou da projeção de nós. Foi um ano que me afastou ainda mais do que passou. Me afastou mais da porção menina, me tirou um pouco da ingenuidade, me fez querer viver mais e sentir as coisas como elas são. Me fez aceitar diferenças que não se negociam. Me fez ser... e ser, nem sempre, é doce.

ps. o título é that particular time da Alanis Morissette. clicaqui.