domingo, junho 17, 2012

Olhos luz

Como faço para acalmar as lembranças? Como apago o seu riso de mim? Como apago a luz dos seus olhos claros que ilumina as minhas noites e não me deixa dormir? Eu sei que fui eu, foi a minha ausência que deu espaço para tantos maus entendidos, foi a minha ausência que abriu o espaço que alguém preencheu.

 Te avisei muitas coisas, te contei  (antes de tudo) do meu problema em ficar e em como escrever era um exercício de ficção. Te pedi perdão, de antemão, pelo meu constante sentimento de abandono e pelo de fato de que por proteção (ou medo) me afasto de tudo que poderia me fazer criar raiz. E sinto, sinto muito e sinto tudo. Você me chama de marrenta e me faz rir lembrando do quanto você fazia tudo para me dobrar. Me faz rir da última viagem, da companhia, de me ajudar a cozinhar pros nossos amigos e me atrapalhar no mesmo nível.

 "As horas andam com pressa, eu ando devagar". Tá tudo passando, tá dolorido como um dia depois que fui do Parque do Ibirapuera ao Parque Villa Lobos de bicicleta, a sensação de superação do circuito completo e o corpo dolorido, tá tudo emocionalmente parecido com o que me fez sentir o desafio físico. Foi uma semana sem conseguir me envolver com nenhuma atividade que não fizesse parte das obrigações, foi uma semana difícil e dolorida, foi uma semana que me devolveu o meu passado. Foi uma semana sentindo muito e sentindo tudo, foi uma semana para apagar os seus olhos claros de mim, o mais difícil de tudo. Os seus olhos claros. Seus...