Vários mundos, poucas regras e alguma liberdade
Se olhou no espelho naquela manhã e decidiu que iria se sentir bem. Tomou banho enquanto pensava na roupa, leu algumas notícias enquanto esperava o café, sorriu enquanto se sentia leve. Se vestiu com todo o cuidado de deixar os cabelos com aquelas ondas que gostava e de um jeito que não parecesse nenhum animal silvestre, queria controlar aquela onda, embora pretendesse soltar todas as outras.
Fez um telefonema apressado antes de sair de casa, marcou um lugar comum e foi, sem saber se ele realmente iria, mas quem sabe fosse hora de explicar porquê foi embora.Ela nunca quis se entregar para alguém que estivesse entregue a ela. Gostava daqueles jogos complicados, queria conquistar e ser conquistada, nunca foi uma pessoa fácil, já ouviu reclamações o suficiente e mudou, porque admitia que mudava o tempo inteiro, desde que as mudanças não fossem uma ameaça externa. Preferia não participar a se adequar aquelas regras dos outros. Queria que todos esses que fazem as regras, inventassem uma simples, que um dia, o proibissem de amar. Quem sabe um amor proibido faria muito bem...
Saiu, apressada, ainda decidida a se sentir bem, disse bom dia para o maior número de pessoas possível, brincou com as crianças na rua, estralou os dedos para um cachorro, se sentiu em contato direto com todas os vivos que não conhecia, talvez fizesse parte do dia e eles soubessem da sua decisão.
Percebeu em um salto que esteve dormindo por tempo demais, pensando no passado, calculando o futuro, esquecida de que era hora de lembrar do sabor de viver.
Encontrou ele, que ainda a fazia se sentir bem, conversaram e decidirão deixar o tempo decidir por eles. Não fizeram nada, nem ao menos um beijo selaria o compromisso, ela precisava pensar em como era acordar daquele sono pesado e ele precisava decidir se queria entrar em um novo mundo, o dela.