sábado, dezembro 22, 2007

Do que vejo,



....é melhor o palco vazio.



Em muitas palavras:



No começo da minha adolescência li "Pollyana", senti o peso das palavras e aprendi que ficção e realidade iam ser para sempre diferentes. Um dia a realidade bateu na minha porta e eu não precisei ler sobre morte. Não foi de repente, todos vão falar que perder alguém de repente dói mais. Eu peço a vez para discordar, o susto é maior, mas ver a morte chegar devagar não é melhor. Sem méritos para sofrimento. Sem pedidos para usar o clichê.
Eu não gosto de quase nada da nova 'literatura'. Não gosto e mando um vai 'tomar no cu' para quem me pedi para procurar minha turma e geração. Não quero (quase nada) da minha geração. Minha chefe me apresentou pro amigo dela: "nasceu no tempo errado". Achei engraçado. Agora, eu entendo. Mas, eu ainda acho que não era lá. Antes de 90 a coisa já tinha desandado. E, por fim eu nasci no tempo certo, ainda há dias para mudar ou melhorar o curso da nossa história.
Quanto ao jornalismo. Escritor não é jornalista. E não digo isso por falta de um diploma. Nessa profissão que o erro tira honra, caso da escola base, e deixa vida. O diploma vive caindo. Afinal, formação e responsabilidade são duas coisas diferentes. Fazer jornalismo e escrever: você faz uma e quando olha a outra, nem as palavras parecem ser tão amigas assim.
Jornalista olha a vida como jornalista. Escritor como escritor. Os dois precisam olhar a vida. E visão não se dividi. Então, editor da Folha, a menos que você tivesse dado para essa garota uma coluna, você errava. Está errado porque tem pessoas ótimas, escritores um ou outro, que tem faro para falar de música. Se contradizer e falar que o cara não vomita mais no palco, infelizmente. Ou queo cara tem uma barriga peluda. Tudo dá uma história. Falta de que? Tino, faro ou capacidade? Uma amiga dela te responderia.
Jornalista e escritor? Vamos lá. Uma menina de Porto Alegre. Uma mulher:
Eliane Brum. Ela tinha uma matéria, a pauta, percebeu quanta coisa existia para contar. Ainda foca, foi falar com o editor. Conseguiu um especial de vários dias e depois juntou o material e fez um livro sobre o outro lado da Coluna Prestes. Saiu por um Brasil sem memória e pouca instrução atrás de personagens. Percepção de jornalista e de ser-humano. Entendeu? Ela escrevia para o Zero Hora, no estado onde até os jornais são pretensiosos. Ainda, se tratam como capital. Tanto que achei estranho quando li há poucas semanas: "o dia da primeira dama na capital". Pensei, nossa que importante sair de POA para ir a Brasília (na minha cabeça é a capital, nenão?) atrás do dia dela. Mas, não, eles falavam de si. Okay, cada um com suas convicções.
Jornalista é jornalista. Escritor é escritor. Eu admiro os dois. Escolhi a primeira opção porque é o jeito que eu sou melhor. 'Groo faz o que groo faz melhor'. Medo, insegurança, certeza vazia e ainda assim a minha certeza. Não permito que enfiem o dedo nas minhas coisas. Só permito quando não tem jeito. E, milagrosamente, sempre tem tido um jeito.
Quando misturam tudo. Nada sai direito e daí eu vejo essas meninas lendo Hell's, Fugalaças e outras coisas que me fogem da memória. Hell é marca. Mas, dessa geração não é o pior. Porque a menina viveu para fazer. Não é só ficção. Se quer falar que escreve realidade e ficção que ao menos EXISTA realidade.
Eu não sou escritora. Ainda não sou jornalista. Mas, eu achei o caminho quando vi que era impossível falar de amor sem citar a palavra como o Bukowski. Deixa para quem sabe. Mesmo que eu veja pouquíssima gente que sabe.
Nova garota:
Bruna Beber. Vi pouco, li menos ainda, mas ela tem uma coisa que falta em uma parte dessa nova geração e eu não conto o que é. E para minhas amigas que escrevem: não seriam minhas amigas, se não fossem tudo o que são.
Chega. Tudo isso para falar: 'o resto não me importa em nada'.


ps: o link da Eliane Brum é um link de uma matéria Revista Época. É isso. Jornalismo é fazer recortes precisos da realidade e ir atrás da verdade. É usar as palavras sem a liberdade de criar.
ps2: tem MUITA gente boa na literatura. Mas, homens vivos/mortos e mulheres que largaram os livros na eternidade. De vivas tem gente que eu não falo mais sobre. Chega, já deu.


Por fim, eu recomendo - Tudo no Balaio