domingo, junho 21, 2009

I Will Possess Your Heart


Era como se eu vivesse em parte nenhuma e toda parte fosse minha. É estranho se sentir estrangeiro em um país que me ensinou a sua língua, me emprestou seus costumes, escreveu páginas da minha história. Andava olhando para os lados dentro dos aviões, no metrô, corredores frios sempre tão impessoais. Minha cabeça vagava para algum lugar onde estive alguma vez, era essa procura por uma sensação já vivida que me fazia mudar, visitar campos com flores amarelas, dormir em hóteis baratos, andar ao lado do Rio Sena, visitar igrejas, acender velas e ouvir música alta enquanto fecho os olhos a procura de algo.

As luzes sempre foram um encontro, subia mais alguns andares e parava em frente de letreiros sem nada entender, os meus caminhos não conheciam um rumo, estava solta e grudada nas lembranças. Estava guiada pela liberdade e segura dentro de mim. Não falava, não gritava, não sorria, no máximo olhava com vazio a procura de algum olhar desconhecido que me mostrasse a luz.

Li alguns livros enquanto o trem andava. Subi inúmeras escadas a espera de alguma delas me levassem para um lugar menos óbvio do que só para cima. Olhei cada vez mais alto.

Queria poder enxergar o nosso potencial de sermos um. Escrevemos a nossa história em uma língua que não conhecemos, procuramos nos dicionários definições melhores para amor do que as que fazemos existir. Talvez devesse parar de pensar em como tudo isso é só um erro e te dar a mão enquanto andamos por um desses lugares que fazem de nós apenas dois estrangeiros. As nossas piadas ainda se encaixam, o seu sorriso ainda é o mesmo, o seu jeito de garoto no corpo de um homem feito, mas eu? Eu continuo olhando para cima esperando do futuro algumas garantias duradouras. Você tem que passar um tempo comigo.

Eu sei que rejeito os seus passos, ignoro seus pedidos, não deixo você ultrapassar uma distância segura, para mim ou para você, por precaução não podemos tirar a ponte entre nós. Precisamos conter as mãos, segurar os abraços, impedir os olhos de se encontrarem com desejo.

Entre tantas paradas encontrei algumas companhias, apartamentos divididos, sonhos de uma noite só, amores de conveniência, alguém para tirar algumas fotos que gostaria de te mostrar. E, sempre, a forma como deixo a minha cabeça voltar para trás é a procura de uma lembrança sua.

Continuo andando por aí, sempre estrangeira de mim, na neve ou no sol, no futuro ou no passado, em ruínas ou grandes construções, saio quase sempre em meio a tanta gente e tão só. Talvez, a solução, seja eu deixar você possuir o meu coração.


ps. texto feito em oito minutos, em cima do clipe do Death Cab For Cutie que tá nesse link e da música que tem o mesmo título do texto.
Brincadeira com a sis. =)