quinta-feira, maio 27, 2010

Sete minutos (ou mais)

A incompreensão é um presente. Aceito sem defeito que não existe um efeito para as causas que você me entregou. Atravesso o continente com uma leve melodia enquanto a música se faz cada vez mais importante. Escrevemos em linhas tortas uma história em letras que nunca são ditas. O grito cada vez mais alto e silencioso. São os ouvidos dos que sentem de forma leve o que não está certo. Certo e errado. Certo e errado. Errado e certo. Inverte a ordem e quem criou isso? Quem afirmou que estar certo é bom ou que estar errado é ruim. Quem definiu céu e inferno. O que é o inferno além daquele lugar na augusta?

Tem horas que a vida me faz sentir minúscula. Em outras, gigante. Não caibo nos estreitos que possuo e me sinto pequena ao olhar inúmeras possibilidades. Sempre quero mais de algo que não conheço, não sei, não tenho. E quero menos. Paz, grama, música boa, vento gelado, a vida passando lenta enquanto me sinto bem. Tenho me sentido bem. Apesar de. Apesar da angústia continuar intacta, dos sonhos se renovarem e serem incompreensíveis, de ter me afastado de várias pessoas, de ter saudades de outras, de esquecer algumas coisas, de lembrar de outras, da falta, das cidades longe, dos países distantes. Apesar, apesar, apesar. Sem pesar, eu repenso e acalmo os monstros enquanto ouço uma música de sete minutos. Sete minutos. Só mais...

terça-feira, maio 25, 2010

Capricho

É a sua segurança. O seu jeito de correr no mundo. O som do sorriso e a forma das suas mãos. É o seu abraço que me recolhe em calma. São os olhos que se cruzam e se repelem. É a impossibilidade e a distância. São as diferenças e as igualdades. É complementaridade de quem te empresta loucura enquanto se alimenta de sobriedade. Me envolve sem escolha enquanto ainda estou aqui. Me toma e se toma. Me dê e se dê o direito de ser. Me empreste um minuto do seu silêncio. Grite mudo as palavras que adoraria ouvir. Me toque e recolhe o que é seu. Longe, não quero. Por perto, espero. Minha cabeça não acredita em você, te vê uma farsa que respira leve a profusão de sons desinteressantes só para continuar. A sua inércia se precipita quando fala perto. Seus minutos se transformam em horas. Seus dias se fazem semanas. Os meses virão anos. Seus segundos correm. Não nota o instante agora e continua. A minha cabeça te acha desinteressante. Porém, ainda existe algo que não decifrei e é por desafio, por teimosia, por angústia, por fim que quero carregar o seu cheiro (em mim).

quinta-feira, maio 20, 2010

o meu você pra mim

Notei que ao meu lado existe um vazio que preencho com nada. Me coloco tão distante de todos, protejo minha solidão, reconheço uma canção, lembro de um filme, leio um livro e me reservo. Conservo um pedaço de mim intocável, escondido, guardado até que ele seja tomado por alguém que entra sem pedir licença. Os olhos sorriem, as palavras se formam, cada vez mais perto, perto, perto. Longe. Por proteção, por certeza, por medo.

Queria segurar a sua mão e garantir que tudo vai dar certo, que certo e errado é só uma variante insignificante e que o futuro é realmente agora. Desejo, impulso, perto, perto, perto. Longe. Me seguro, te seguro e desenho um novo momento.

"Viver é não ter que transplantar, doar, sangrar, trocar, chamar, pedir, mentir, falar, justificar no caixa". Tulipa Ruiz, aqui.

terça-feira, maio 11, 2010

nova era


Me desarmei. Acabei com todas as ilusões do passado para dar lugar a planos novinhos em folha, com menos ilusões, é verdade. Quero mais de um monte de coisas e ao mesmo tempo quero paz. Me sinto leve e livre pelas ruas de San Pablo, me emociono com passantes enquanto os observo em silêncio. Tenho estado cada vez mais longe de todos para estar perto de mim. Sempre tive milhares de problemas para confiar nas pessoas, não divido os mesmos gostos e tenho completa repulsa por obrigações. No colegial você bebe para fazer parte, não queria, não bebia, não fiz parte. Na faculdade você precisa saber discutir política internacional da Árabia Saudita, não queria, não podia, não discuti e fiquei com a turma dos que ouvem música e usam xadrez, éramos os macacos em um circo onde os outros queriam se divertir. Nunca fiz parte dos que tinham um tratado com a diversão. Me divirto absurdos conversando sobre nada em um café esquecido ou olhando uma estrela brilhar.

Hoje lembro das vezes que amei errado. Porque tenho um faro sensacional para o erro, para o desafio, para alguma coisa que sempre parece fora de foco. Vejo beleza onde não tem. Me interesso pelo desinteressante. Sou vários mistérios que não sei decifrar. É o mal de quem é milhares, nunca vai ganhar no UNO, não importa quantos jogos e quais as cartas que você tem na mão. Porém, vamos jogar mais uma rodada?

quinta-feira, maio 06, 2010

i wonder where you are now

Você apareceu quando eu jurei que não me apaixonaria por mais ninguém. Quando tinha aceitado do destino que o meu amor era irreal demais e só seria correspondido pelas letras, pelos livros, pelas frases cantadas de músicas que transbordam. Foi quando você apareceu com belas frases e a birra com a minha escritora favorita, você nem ao menos respeitar Clarice sempre foi o que mais me incomodou.

Me mostrou meia dúzia de músicas, me contou alguns segredos, se revelou e acabou com o meu juramento. Mas não podíamos, não dava, não conseguiríamos. E, agora, toda vez que ouço Slide Away voo até você. Uma pena, não encontro, agora eu sei, nossa história chama desencontro.

quinta-feira, abril 29, 2010

Sem fim

Nos tempos de paz me atormenta a calmaria e eu revisito os lugares onde já não estou. Reencontro e encontro são uma mesma via pela qual gosto de andar. Bom sentir que os problemas foram superados e o recomeço pode ter a força da superação.

Confesso em silêncio os meus medos. Revelo minha inabilidade com os outros enquanto me refaço. Meu grito é um vazio. Vou por todas as ruas a procura de algo que desconheço, a busca não tem fim enquanto as perguntas se refazem, quero o todo de algo que ainda não tem nome. Um passo a frente e já não estamos no mesmo lugar, um dia Chico Science falou.

Organizo os dias, refaço as rotas, guardo o mapa do tesouro escondido em um além que nunca visitei. Meus planos não tem a validade de uma vida, prefiro a certeza de poder me reinventar, quero ser milhares sem a obrigação de ser só uma. Jornalista, produtora, escritora, editora e o que mais couber nessa vida sem limites.

Vou recolhendo no caminho a minha verdade. Esse é o momento de separar o joio do trigo, reconhecer nos olhares os que quero levar para sempre e os quais são apenas passageiros. Algum encontro em uma vida de tantos desencontros. Música, literatura, psicanálise, tantos canais e é no som de poucas vozes que conheço a verdade.

segunda-feira, abril 19, 2010

(in)COMUM

Hoje me peguei olhando para mim, não para dentro como os poetas, não para os detalhes como os observadores. Olhar do lado de fora, pelo que aparento e pelos papéis que me foram dados. Shorts, jaqueta de couro, all star e uma mochila da estpak enquanto andava com o livro da Clarice na mão até parar e continuar lendo. Por fora tudo igual e por dentro uma cabeça que não para. Me senti óbvia e comum. Como se pudesse me misturar entre tantos.

No instante seguinte já estava em outra dimensão. Notando os encontros e revendo o acaso. O fim do ano passado e começo desse marcou um tempo desconhecido. Uma ideia tomou forma e um inesperado encontro, se é que posso falar assim, se deu. Nunca vou conseguir falar a importância desse alguém. A quebra de um pré-conceito, uma surpresa boa, papos relevantes sobre algumas pequenas coisas sobre as quais não falo. Reservada por definição e um mistério até para mim. Vivo para perder o interesse enquanto conservo certa insatisfação. Me alimento de música e cinema. Devoro páginas de livro enquanto paro para contemplar o silêncio.

Tive medo porque não queria ser o que detestava nos outros. Nunca gostei de me sentir observada. Me desesperava o garoto que escrevia textos sobre os meus gestos e vivia tentando desvendar algo que é apenas simples. Nunca entendi a fama e nunca quis dela, a amizade. Gosto de passar despercebida e de não perceber. Os meus ídolos, na sua maioria, estão mortos porque só assim não corro o risco da decepção. Mas, por surpresa, nada era do que parecia. Existia dentro algumas particularidades encantadoras. Não dentro do todo porque não penetrei no mais fundo, navego pela superfície na correria dos dias, na falta de tempo, nas possibilidades.

Dos papéis que desempenho esse é o mais verdadeiro. É no reino das palavras que desvendo o cotidiano. No trabalho sou a que gosta de música, entende de tecnologia e sempre tem um livro na mesa. Sou a filha com sonhos incompreensíveis que está conquistando espaço. Sou várias para os meus amigos já que fomos escolhidos em silêncio pela identificação.

Talvez, nunca vá de fato, conseguir unir todas as personas. A que parece não é o que sou e o que sou não é o que parece. É tudo um jeito de passar desapercebida e respeitar o silêncio. E, no caminho, aparecem algumas pessoas que fazem uma diferença que nunca vai ser explicada em palavras. Ficamos com o silêncio, enfim...

sexta-feira, abril 16, 2010

Obra inacabada

Tem horas que a cabeça transborda e sai por todos os lados. São todos os pensamentos contidos, os segredos nunca revelados, as coisas que não verbalizo por medo de existirem. Tudo acontecendo em um ritmo intenso.

Sou pelo menos três bem definidas e outras tantas que se misturam a essas. Sou a que trabalha, a que estuda o mundo e as suas formas e a que vive para não ser. Mas, diante do trabalho as outras são secundárias, minhas prioridades e forças voltadas para um único foco. Por sorte encontrei pessoas bacanas para dividir alguns sonhos e realizar utopias.

Mas, hoje, lendo enquanto voltava para casa, me peguei pensando se não ter alguém é realmente uma opção voluntária. Não quero estar me divertindo com um erro e estar ocupada demais para quando for urgente. Porque paixões são urgentes mesmo que durem uma noite só. Cansei do que me atormenta e passa. Queria encontrar alguém que estivesse na mesma busca que eu. Alguém que conseguisse amar uma obra inacabada. Porque, no fundo, é só o que sou. Não quero admirações aparentes. Se eu cantasse teria medo de perder a voz. Se eu pintasse teria medo de perder os movimentos e não ser Frida Kahlo para me reinventar. Mas, sendo o que sou, não quero ter medo de perder (nem ganhar). Não quero ter medo.

Não quero que vejam um todo ilusório, mesmo que tenha plena consciência de esconder as particularidades. Me fascina as pessoas que são várias e a minha capacidade de ser. Me conquista essa traição com as aparências. "Decifra-me ou devoro-te". Assim, provocando e sendo provocada pelo instante agora até que ele passe...

domingo, abril 11, 2010

Carta aberta para poucos

A paranóia do Woody me alimenta. O amor por tantas ligações, pelas metáforas, pelo jogo de palavras, o desfile de referências, o descaso com o certo e errado.

Valorizo as relações mentais tanto quanto um abraço. Me acolhe saber que os pensamentos são complementares. Deitar em silêncio no ombro de quem vai entender que não consigo ser a mesma o tempo inteiro. Que vou ser um pouco rabugenta e no momento seguinte posso ser quase uma criança. Vivo oscilando entre as obrigações e o hedonismo. Queria poder inverter meus horários, trocar de uma vez por todas ou meus dias pelas noites. Na verdade, sinto que isso é só um remédio paliativo para uma doença desconhecida. Uma eterna insatisfação. Vivo procurando algo que não conheço. Na verdade, sei o que quero embora tenha encontrado quando não queria mais procurar. Mas, não é assim tão simples. Pode ser só mais um momento para minha grande coleção de erros.

Parece que cansei de viver aqui. Dentro dessa cabeça seletiva demais. Gosto muito de poucas pessoas e apenas relevo as outras. Não sou estúpida com ninguém porque aprendi a respeitar diferenças. Mas, tampouco me interesso por elas. Assim como elas não me entendem eu também não compreendo um monte desse lugar comum. Essa mania opressora de jogar a sua vida nas mãos dos outros. Mas, não fazer isso, ter o controle sobre si, te faz mártir de toda responsabilidade. Não deixar que o outro encoste na sua vida por proteção te dá todas as possibilidades e te tira elas, ao mesmo tempo. De repente, aparece aquela angústia absurda que só toma outra forma com o apoio de melodias ou frases de um filme em uma tarde fria.

Aniversário me bombardeia com emoções distintas. O passado se renova e o futuro parece distante. Fico presa no agora. Vivo o momento presente. E, agora, não me importa o que parece, não me importa o daqui para frente, não importa o quanto corri, não importa nenhuma das reflexões das pessoas que simplesmente não me interessam. O agora tem um pedaço de mim forte, sensível, aberto... Parece ser só agora.

E o tormento é sempre a solução
Me atormenta a calma e a mansidão
Los Porongas

quarta-feira, abril 07, 2010

Feeling good

Aniversário, para mim, é como ano novo particular. Aquilo que as pessoas fazem com a casa, afastam os móveis, tiram sujeiras e se desfazem de lembranças, eu também faço, só que dessa vez, com a vida. Preciso de um dia inteiro para mim, consegui isso ontem, apesar do dia ter sido intenso e cheio de pequenos detalhes e grandes problemas que se desfaziam com a certeza de que tudo vai dar certo.

Lembrei das pessoas que passaram, dos que passarão, dos que ficaram e dos que ficarão. Lembrei do café que minha vó por adoção me dava, eu não gostava porque era muito quente e então ela colocava um pouco de água e eu amava aquele café meio aguado e morno. Acho que quando a gente é criança aprende amar de forma simples. Só que isso passa com o tempo, a partir do momento que o nosso amor começa a ser medido em uma moeda estranha que eu nunca entendi. Continuo amando daquela forma simples. O carinho dos meus pais, as risadas e histórias dos meus amigos, as viagens que sobram carinho e falta juízo, a verdade no olho de alguém que te olha no olho, as palavras de quem tem carinho por elas, o silêncio da caminhada na chuva, as músicas que a gente canta para não esquecer o passado.

Uma palavra para o ano que foi? Intenso. Tudo mudou milhares de vezes e em um ritmo maluco. Comecei a reparar em milhares de coisas que nunca tinha notado. Valorizar ações que eram irrelevantes. Percebi que minha vida é apenas dos poucos e bons. São das pessoas que tem alguma verdade em comum. E é principalmente de quem é de verdade. De quem enfrenta a vida de frente sem medo de assumir "eu errei". Porque é isso, vamos errar e mudar infinitas vezes.

A Clarice explicou "não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma". Dessa forma, mudei mais um pouco esse ano. Olhei o caminho dos meus sonhos e deixei de projetar. Consegui viabilizar uma ideia que pensei fosse demorar anos até ser verdade. Mas, não, está aí. No fim do mês tudo vai ser verdade. No ano que passou conheci pessoas incríveis, a melhor amiga voltou dos Estados Unidos, me livrei de relações desgastadas e vazias em prol de manter tudo igual. Aceitei que seria diferente e é... It's a new day, it's a new life and i'm feeling good.

domingo, abril 04, 2010

'Misterio Stereo'

Gosto de sentir que não preciso. Que os dias vão acontecer e as madrugadas vão me presentear com o que o escuro encobre. Gosto do acaso e do descaso que vivo. Tudo acontecendo em um ritmo maluco, enorme, engraçado, perfeito. E a perfeição me dá medo. Sei que falta pouco até querer algo que não parece tão certo. Preciso cometer um risco sem cor. Aumentar o ritmo, descompassar o volume, roubar um beijo olhando a cidade ou simplesmente vou precisar de nada. Vou querer ouvir o silêncio porque é preciso estar atento para notar que não existe som.

A chuva lavando a cidade dos mil pecados. O guarda-chuva sendo apenas uma tentativa inútil de se esconder. E os carros passam, as histórias se reescrevem, os malucos andam descalços pedindo cigarros, os jovens riem e se obrigam a diversão, os engravatados soltam os nós, os de sempre sentam na mesa do bar para compartilhar medos, felicidade, angústia, teorias. Enfim...

sexta-feira, abril 02, 2010

Linha do tempo

Eu sempre fui de extremos. Vivia intensamente cada minuto de uma coisa qualquer. Procurava com força e afinco algo que não tinha certeza do que. Na cabeça, todas as ideias e planos me mostravam apenas um caminho desconhecido. Tive que correr riscos, apostar todas as minhas fichas em um momento incerto. E agora, tudo está acontecendo rápido e dessa vez estou calma.

Só queria conseguir resolver uma coisa. É só esse ar de superioridade que não entendo. Não sei se é por insegurança que você me fere. Mas, cansei, é isso. Não vou tentar mais mesmo que anos de terapia ou novas formas de procurar respostas alternativas e intensas me peçam. Porque apesar da minha aparente desordem tenho alguns paradigmas que sigo. Normalmente é alguma coisa que ficou ecoando na minha cabeça depois de lida ou ouvida em algum filme. E, a premissa máxima é a frase do Antoine de Saint-Exupéry, que fez algumas outras coisas além de escrever o belo "pequeno príncipe". "Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só nem nos deixa sós. Leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito, mas há os que não levam nada. Essa é a maior responsabilidade de nossa vida, e a prova de que duas almas não se encontram ao acaso".

É por isso que tento resolver as coisas. É para dormir em paz e não encontrar espinhos no caminho. É para não ter que evitar lugares e provocar situações desconcertantes para as pessoas em comum. Mas, você nunca permitiu facilitar as coisas. Então, chega, né? Me chama de louca, stalker, o inferno que você precisar para se sentir menos pior. Não me importo mais. Acabou.

domingo, março 28, 2010

"Cale-me com um segredo
Que eu não possa ver a cor"


Nunca vou conseguir revelar metade do que senti, talvez porque naquelas horas não senti metade, senti um inteiro novo e desconhecido. Entrei no reino do meu mundo particular. Olhei para dentro e encontrei coisas inexplicáveis.

Senti o meu coração bater enquanto não notava que tinha dedos. Meu corpo solto e minha alma vagando. Meus olhos fechados e a cabeça fazendo uma festa de cores, de sons, de luzes. Foi tudo tanto e tão intenso que só posso dizer... particular.

Mais um momento para o caderno da vida. Meu eu.

domingo, março 21, 2010

(des)Encontro


Apaixonada. Fielmente apaixonada por tudo que tem acontecido nos últimos tempos. Mas, ainda falta a peça que dá um sonífero para a angústia, minha companheira leal. Alguma coisa que falta e não se revela. Um sorriso que não conserta. Uma verdade que não preenche e uma solução definitiva que nunca encontro.

Não existe uma fórmula ou uma certeza que ponha fim nisso. Existem os tratamentos paliativos que me fazem esquecer durante o tempo de uma noite. Os dias de uma viagem. Os minutos de um sorriso importante. As horas de uma conversa relevante. Existem pequenos prazeres que me fazem esquecer o que sempre incomoda.

Já tentei de um tudo. Literatura de todos os espaços. Teorias de vários mundos. Espiritismo, kardecismo, catolicismo, budismo, umbadismo e todos os ismos religiosos. Nada que me dê alguma resposta embora sempre aumente as perguntas. Já vivi de várias formas, visitei vários lugares, conversei com muitas pessoas e poucas me dizem mais do que a programação exige. Todos estão ligados e prontos para falar do simples. Esses dias ganhei uma camiseta em tom de brincadeira que é uma grande verdade. "Clube dos descontentes", eu e Cristina do Woody Allen e uma porção de outras pessoas que fui descobrindo e me identificando pelo caminho. É isso que nós faz crescer, mudar, é o estímulo do desencontro que proporciona pequenos encontros.

Talvez algum dia alguma teoria (me) explique. Mas, agora, vivo do inexplicável (todo o tempo). Sempre assim embora diferente.

domingo, março 14, 2010

"se você pensa..."

Noite de sábado e eu estou sóbria depois de uma noite diferente. Sinto muito por não ter terminado a madrugada em um bar da augusta respirando o ar dessa quente da cidade. Mas, aos sábados aquele lugar não parece mais ser o meu, apesar dos meus poucos anos todos os últimos foram passados naquelas calçadas invertendo a ordem do mundo e reescrevendo a ordem das coisas.

Sábado, augusta e os últimos tempos me mostram só pessoas demais, perdidas demais, embora sempre estivéssemos perdidos (também), tínhamos uma busca. Uma busca que transformávamos em palavras nos guardanapos dos botecos ou em histórias para risadas na manhã seguinte. Mas, hoje, só resta uma energia estranha que me toma e me faz viver de um jeito sem manhã seguinte. Não dá. Não quero jogar esse jogo e ser tomada por tanta coisa, sem que elas sejam, ao menos, boas.

Sempre segui experimentando tudo. Enquanto uns brincavam de ligar os pontos até formar um elefante, eu queria as respostas das palavras-cruzadas. Queria o raciocínio do sudoku. Queria muito de tudo só que também queria paz. Me atormenta pensar no desejo reprimido e nessa verdade contida. Não poder falar e tão pouco tocar os seus pensamentos que completam os meus. Que riem em um tom semelhante das regras. Sentir o seu abraço que envolve em respeito as diferenças dos outros. Tocar na sua pele que em brasa espalha o cheiro por onde passa. É o seu cheiro que me persegue.

Você passou de invisível para invencível na luta diária da minha cabeça. E, nela, não existe certo ou errado, forte ou fraco. É só...

segunda-feira, março 08, 2010

if that's the way it has to be

Alguma coisa fora do lugar. O que e onde deveria estar, não sei. Essa insatisfação permanente, esse espaço sempre me fazendo procurar algo desconhecido. Sinto falta de me apaixonar como antes, sem medo das marcas, sem medo dos tombos, sem medo das pessoas. Diante do passado me protejo no presente. Não me reservo o direito de querer ninguém por mais de alguns segundos. Vivo o efémero e me guardo do cotidiano.

Talvez alguém consiga reinventar a rotina e me fazer querer voltar. Cansada de viver (sempre) uma noite qualquer perdida em lugares que me deixam tão pouco além da ressaca na manhã seguinte. Bukowski me entenderia. Mas, não quero me afogar em jogos e apostar em cavalos. Quero achar a minha saída para a insatisfação. Quero andar pelo meu próprio caminho. Quero tantas coisas (que nem sei o nome).


ps. título de Bandoliers do Them Crooked Vultures.

sábado, março 06, 2010

all is love

Os dias corridos tinham me condicionado a viver para fora. Precisava dividir o ar com tantas coisas que pareciam me sufocar. Por mais que tivesse tanto, de tudo, todas as coisas me diziam algo que não me importava. Ficava por várias horas procurando o que de errado havia comigo. Queria entender porque a minha cabeça vive sempre em um ritmo maluco e os sonhos parecem sempre a fuga que a noite me proporciona. Por tanto tempo achei que o erro estava em mim, até perceber que o caminho e o acertos também estarão. Vou ser escrava da minha vontade e refém dos meus desejos. Seguirei por todos os caminhos procurando algum que me diga algo além. Me sinto bem com pessoas que transpiram paixão pelas mesmas coisas que eu. Parte de um todo que me interesse e por mais que o ar seja rarefeito, em uma sala pequena e apertada, não sinto a falta de ar constante. Por um espaço de tempo o oxigênio faz o seu papel essencial e provoca aquelas reações cheia de fórmulas que nunca aprendi.

Caminhei por vários quarteirões na Paulista iluminada e impessoal. Consegui ver sem ser vista. Olhar casais e seus cachorros. Ver crianças segurando a mão dos pais apressados que parecem não terem se desligado do que passou. Sinto compaixão por elas - invisíveis - que crescem em meio a essa selva de pedra. Lembrei da fuga para Bahia nas férias, de andar de bicicleta e brincar de pedrinha (cinco pedras, joga uma pega a outra, joga uma pega duas, joga uma pega três, joga uma e pega as quatro). De subir na laranjeira e ir até o mais alto de uma árvore qualquer. Meu corpo ainda carrega as marcas da infância. Olho para as crianças que serão esquecidas em milhares de aulas que dirão muito pouco. Se vive pela metade nessa cidade e se vive por inteiro. Noite e dia te dão e tiram na mesma proporção. Um eterno perde e ganha.

De tudo que perdi e ganhei, guardo o essencial. Tenho poucos e bons amigos. Vários conhecidos e desconhecidos íntimos. Respiro essa ciranda de sentimentos que poucos devem entender. É estranho ser milhares sendo uma só. Quero ser todas para alguém que não sei. Quero algo que não conheço a forma, não sei a cor, talvez tenha na minha vida ou não tenha encontrado. Quero algo que não sei definir em palavras. Quero muito (e quero menos). A simplicidade de mãos dadas com o acaso me trouxe até aqui e me fez entrar na sala com ar rarefeito.

Quase (...) meses.

terça-feira, março 02, 2010

time is running out


Quero ouvir as suas razões em silêncio, guardar as suas explicações dadas pelo seu olhar, quero apenas um motivo para ser sua. Para acabar com a espera e consumar esses pecados. A doçura do seu toque e a intensidade do seu desejo trocados em miúdos pela sua forma simples de querer.

Tenho o espaço do vazio. Estou livre do meu passado, tudo foi aberto para um futuro desconhecido enquanto desenho o prazer no presente.

Encontro calma na urgência. Sinto paz nos seus olhos cheios de alma e enxergo suas dores rasbicadas nas paredes da vida. Quero terminar de resolver o que passou e retirar o peso que ficou. Por fim, começar uma nova vida para um novo tempo (agora).

sábado, fevereiro 27, 2010

i do appreciate you being round

Sinto falta de alguma coisa que não sei o nome. Não é nenhum dos aspectos comuns. Talvez "help!" dos beatles esteja roteirizando minha vida. Como na música, quando era mais jovem, nunca senti falta de ninguém. Era eu e a minha cabeça, eu e os meus livros, eu e as minhas músicas, eu e o meu mundo particular cheio de copos e alguns amigos.

Mas, agora, nesse instante particular onde tudo parece tão calmo, preciso de alguém. Porque a calma me desespera. Essa serenidade me dá ideias malucas e vontades surreais. Alguém para dividir uma garrafa de vinho, alguém para assistir um filme bobo, para discutir as questões irrelevantes dos aspectos minúsculos do cosmo, para ver o céu sem estrelas dessa cidade cheia de luz, para acreditar em ETs e procurar espaço nave no céu (mesmo sabendo que é maluquice demais), alguém que veja tudo maior do que é como se enxergasse através de uma lupa e soubesse que às vezes seremos minúsculos, alguém de extremos e calma, alguém que não saiba como viver dentro da própria cabeça e não fosse capaz de abrir mão disso, alguém que não me concedesse direitos sobre sua vida e não pedisse isso na minha, alguém que gostasse dos meus amigos e que eu gostasse dos dele, alguém que não criasse expectativa e controla-se a minha.

Gosto do jeito que me faz pensar em aspectos desconhecidos de algo que pensei por vários dias. Gosto de sentir que meus pensamentos não agridem ou incomodam (por existir). Gosto de sentir que posso não ser nada disso em uma noite diferente.

Minha vida mudou em tantos sentidos...

domingo, fevereiro 21, 2010

onde quero chegar

Estava tudo chato. Sem graça. Silêncio demais enquanto meus pensamentos gritavam. Andava em companhia do desconhecido, segurando a mão de uma tranquilidade morna enquanto me iludia. Sem encontrar nada que matasse a minha sede apenas bebia mais. Um jeito simples de acalmar meus pensamentos enquanto eles pensam em partir. Enquanto quero apenas pedir ao mundo que seja menos mundo. Vamos fugir para um lugar longe daqui onde possamos ouvir cada acorde solto, onde os livros sejam escritos fora da forma e eu possa ouvir o som da sua risada.

Quando foi que você se apossou dos meus pensamentos? A sua cabeça me fascina enquanto você nega em voz alta tudo o que eles pensam. Se contradiz da cabeça aos pés e se revela enquanto olha no olho. Pulsa inteiro enquanto me faz pulsar sem ritmo.

Você parece uma esfinge desfilando a profecia do "decifra-me ou devoro-te". Certo de que nunca encontrará Édipo e pronto para lutar bravamente enquanto segue. Até que a luta se torne outra coisa e a profecia se desfaça em silêncios, quem sabe.