quarta-feira, setembro 17, 2008

Cobranças

Tenho observado mais a vida em silêncio. Notado como todos esperam de você uma coisa que talvez não esteja pronto para entregar. É mais do que o corpo, vai um pouco além dos sorrisos compartilhados, é onde você ficaria nu de todas as armadilhas que criou no seu labirinto da vida. Esperam de você, respostas, palavras, verdades. Fico em silêncio observando a sua fala sem palavras. O seu descaso tem um meio sorriso com a boca de lado. O nervosismo pernas inquietas. As dúvidas são olhos fugitivos.

Quantas foram as vezes que estivemos diante de palavras, aquelas que resolveriam de uma vez por todas as dúvidas, as mesmas que me levaram por um caminho cheio de descobertas. Me encontrei tantas vezes. Me perdi. Sorri e porque não, chorei.

Com quantos pedaços se faz um inteiro? Pensei naquela velha ladainha das metades. Das almas gêmeas. Até chegar em mim e ver que não sei me dividir. Sou a soma de um inteiro com alguém que seja isso também. Juntos formamos um par. Um mais um se forma um par. Não um. Não como metades que tiram o melhor ou pior de si para entregar ao outro. Não nos entregamos em silêncios duradouros, porque falamos muito mais sem as palavras, fazemos o jogo da vida sendo um par. Esquecemos todo o resto e nem se quer nos importamos em ouvir.

Tenho receio das cobranças que te fazem. Já te perdi para tanta coisa. Acho que te perderei ainda mais uma vez para o fim da inocência em palavras. Você pode atingir as mentiras daqueles que falam sem querer. Só para fazer alguma alma carente ouvir. Você quer arrancar sorrisos como todos os outros. Você quer ser especial. Não só mais uma metade, mas é o que você é, tem gente que não suporta um inteiro.

Siga, são suas as palavras nunca ditas, enfim.




ps: eu deveria realmente estar pronta para pegar carona com meu pai até o hospital mais próximo, tomar uma injeção e fazer uns exames, só assim pra essa maldita dor passar. é físico, parece caxumba, parece mil coisas e eu preciso saber logo o que é. mas, tem algumas linhas que não podem esperar. sabe?