segunda-feira, agosto 04, 2008

Uma carta a ninguém

Então eu continuo falando enquanto você sorri. Te contando histórias que você nem sempre entende. Aprendendo várias línguas só para continuar sem falar nada. Porque não falamos nada disso, mantemos a vida com os passos dela, caminhamos com nossa liberdade e a possibilidade de voltar atrás, de procurar um lugar para começar, com a solidão acompanhada me fazendo companhia. Te conto todas as vezes sem querer, que se nenhum deles foi importante o suficiente é porque eu não estou pronta para largar os detalhes. Não consigo desmembrar meu corpo e minha cabeça. São os dois uma coisa só. E quem conquista isso, leva de brinde um coração, cheio de marcas, um tanto inconstante, que andará de mãos dadas as aventuras mais absurdas e que será dele enquanto o para sempre durar.

Não sei se sou dama ou peão, nesse jogo, só sei que as peças estão no fim. Posso ser a última peça que guarda o Rei do xeque no xadrez. Ou a dama que falta para acabar com o outro lado. Ou se isso parecer ainda mais com a vida, posso ser aquela que lê as cartas, enquanto você movimenta o nosso pino, por fim sorrimos por não obedecer nenhuma dessas regras.

E deve ser por isso que pequenos detalhes continuam a fazer bem. Se ao invés de reclamar dos seus defeitos sorrio deles enquanto os misturo com qualidades, é porque aprendi com você que não é preciso pensar tanto assim.

Um dia ela escreveu sobre o final do conto de fada alemão e eu percebi que, o que importa, é a fantasia das crianças alemãs sempre acreditando: “und wenn sie nicht gestorben sind, dann leben sie noch heute”*.

Basta.

Sem o "viveram felizes para sempre".




* se virá nego


brinks


“e se eles não morreram, vivem até hoje”