domingo, janeiro 20, 2008

ALL I REALLY WANT


Odeio o jeito que você corta minhas frases. O seu olhar indefinível. Odeio todas as formas que você esconde as minhas palavras dentro do seu medo. E os meus livros dentro do seu paraíso. O meu carinho dentro do seu porto-seguro. Odeio a fortaleza que você ergueu sobre esse mundo que você está preso. Odeio quando ele liga e eu me convenço que tudo pode ser verdade só para não ter que enfrentar tudo daqui de dentro. Odeio quando você não acredita que eu seja o mais verdadeira possível. Odeio quando as pessoas não acreditam e não aceitam o que eu posso dar. Quando eu só tenho isso. Quando por enquanto ou para sempre é só isso. Porque é assim que as coisas são. E para quem não é, o mundo só permiti isso. Bem pouco para quem se esvai. E eu me gasto em mesas, teatros vazios, blocos sem pauta, pedaços sem vida.

Isso é muito pouco para quem olhou a vida no olho daquela vez. Para quem sentiu tudo isso de uma forma mais doce daquela outra. E sem chegar a ser tudo permanece imóvel. Os olhos, mãos, carinhos, gestos, gostos. Tudo é só doce lembrança em uma confusão mental provocada pelo álcool e pela música. Porque você não entendeu quando falei que precisava de uma taça do vinho branco ruim que fica ao lado do microondas. Não entendeu quando eu falei que trocava desespero por palavras. Ilusão, vontade, carinho, medo, sono. Para tudo eu entrego as palavras. É assim que eu sou de verdade. É assim que não tem jeito de não ser.

Na mesa eu posso ser atriz e usar um dos meus milhares de personagens. escrevendo eu sou só o meu primeiro personagem. Eu. Aquele que o Leminski disse ser o primeiro que a gente inventa. A nós mesmos. Talvez, eu me invente um pouco e desinvente o resto para deixar tudo mais simples para você.

A bem da verdade tudo isso é aquilo que talvez nunca chegue a ser.




ps: devia ser proibido gravar músicas assim.
excesso de Alanis se explica em: saudades da soulsister.